Entre agentes, delegados e escrivães, 55 nomes ligados à Polícia Federal são candidatos nas eleições 2018. Muitos deles trabalharam ativamente na Operação Lava Jato – ainda que esse trabalho seja simplesmente conduzir suspeitos à prisão ou levá-los para depoimento. Que bela credencial para o exercício de um mandato na vida pública! Boa parte se filiou ao PSL, o partido de Bolsonaro.

Segundo a Folha de S. Paulo, desse total de patriotas armados que pretendem dar um jeito no país, 41 sonham com uma cadeira de deputado federal. Da PF em Alagoas, saiu um herói mais ousado, que se candidatou a senador. Como se vê, o discurso do prendo & arrebento – que seduz o “cidadão de bem” – conta com opções a perder de vista. Isso é a renovação da “direita esclarecida”!

Eis aí a que estágio chegamos. Com tanta gritaria, o passo seguinte, está claro, era mesmo aderir ao histerismo verde e amarelo. De acordo com essas mentes – pouco afeitas à chatice de estudos e projetos complicados –, a solução é simples, meu amigo. Inspirados no Messias pelo qual tanto esperaram, o Bolsonaro, basta ter “pulso firme” e, ainda mais importante, uma boa pontaria.

Além daqueles que têm origem na Federal, pode-se garantir que muito mais gente engrossa a Tropa Armada nas eleições. São nomes ligados ao Ministério Público, ao Judiciário, à Polícia Civil e à Polícia Militar. Há candidatos saídos de todas essas instituições. E todos devidamente convencidos de que acabou o tempo da moleza. Nunca a expressão “bandido bom é bandido morto” foi tão inspiradora.

Com esse bordão desqualificado, que revela uma combinação de malandragem, truculência e demagogia, a turma da Federal e afins jamais esteve tão afoita como agora. Com a densidade dessa filosofia política, essa gente elegeu, como não poderia deixar de ser, a segurança pública como grande tema de campanha. As soluções, naturalmente, passam pelo bom manejo do fuzil.

E quem seria o potencial eleitor da rapaziada do trabuco? Entre outros traços, ele tem nível superior e boa renda, segundo indicam pesquisas já publicadas sobre o perfil dos apaixonados por Bolsonaro. Ou seja, acesso à informação não significa ideias saudáveis – mas bem o contrário.

E você, está disposto a resolver tudo na base da porrada? Caso seja esta sua alternativa para acabar com a bagunça, pode ficar tranquilo, porque a Liga da Justiça e da Polícia vem aí. Numa prova de que o conceito de evolução é mesmo complicado, no século 21, voltamos ao faroeste medieval.