Leio na imprensa que Carlinhos Maia, o youtuber alagoano que faz sucesso na Internet, ficou em segundo lugar na categoria não sei o quê do Instagram. Ele é um “influenciador digital”. O talento do rapaz já o transformou em amigo de infância de celebridades nacionais. Depois de aparecer em programa da Globo, ninguém mais duvida de seu potencial para contar piadas.

Outra personalidade que balança as redes sociais por aqui atende pelo nome de Papa Capim. A repercussão de seus vídeos também o levou a um programa da Record TV. Agora, ele acaba de se lançar candidato a deputado estadual. É apadrinhado por pesos pesados da política de Alagoas – o que dá a exata medida de nossas principais lideranças na vida pública.

Tomei conhecimento desses dois fenômenos porque, como disse, eles estão em destaque no noticiário; são pautas obrigatórias em todos os veículos. A figura do influenciador mobiliza a imprensa mundial. Se alguém arrasta uma multidão de seguidores e “curtidas”, imediatamente chama atenção de jornalistas. Não importa o que ele faz, será tratado como uma arrebatadora maravilha.

Desesperada com a perda de audiência em todos os horários, e entre todos os segmentos de público, a TV rasteja por qualquer coisa que, supostamente, garanta alguns pontinhos no Ibope. Reafirmando sua vocação de origem, vale tudo para tentar conquistar o telespectador. Não importa que seja a mais desvairada aberração, vamos levar ao palco e espremer até o bagaço.

Nessa busca alucinada por gente popular na Internet, a televisão vem recorrendo cada vez mais a Felipe Neto, que já pode ser considerado um verdadeiro clássico de bizarrice no YouTube. Campeão de seguidores, sem nada na cabeça, ele é convidado de tudo o que é programa, em todas as redes abertas e emissoras por assinatura, para falar de qualquer coisa. Vale um estudo de caso.

Não adianta brigar com a realidade. Esse tipo de novo comunicador, por assim dizer, surgido diretamente da Internet, vai dominar o mundo. Se não tanto, estará cada vez mais presente nas páginas da imprensa e nos programas de auditório das televisões. Se você preferir, pode chamá-los de os novos formadores de opinião. Não pensam, mas são craques na milenar arte do grotesco.

E sendo assim, nada mais natural que os políticos, muito preocupados com a renovação na vida partidária, decidam abraçar esse fenômeno, para elevar o nível de nossos representantes. Papa Capim está à altura de nossos maiores caciques na esfera pública. Vejam: ele tem o apoio de nada menos que dois ex-ministros de Estado. Sejamos otimistas. O mundo fica cada vez melhor.