Temer impõe o maior retrocesso ao esporte das últimas décadas

01/07/2018 22:17 - Blog da Claudia Petuba
Por Redação
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Através da Medida Provisória de n° 841 (12/06/18), o presidente da República, Michel Temer, retirou recursos de áreas sociais como esporte e cultura para direcionar para o Fundo Nacional da Segurança Pública. Somente no esporte, o corte estimado é de 500 milhões de reais, na contramão dos esforços nacionais das últimas décadas e de diversos países desenvolvidos. 

A justa insatisfação da população com o drama da segurança pública nacional é utilizado como argumento para promover tamanho retrocesso social, como se as pequenas parcelas investidas no esporte fossem suficientes para reverter o quadro de insegurança nacional. O combate e prevenção à criminalidade passam justamente pela ampliação dos investimentos nas áreas sociais como o próprio esporte, cultura e educação. Sem a devida prevenção e ataque à raiz do problema, a violência crescerá como uma bola de neve, por mais que se eleve a eficiência da repressão policial, não evitaremos que crianças e jovens sejam fisgados pelo tráfico como saída para uma vida sem oportunidades, o futuro será de caos – com derramamento de sangue de muitos inocentes, inclusive.

Alagoas tem sido exemplo de que é possível prevenir e combater a criminalidade sem descuidar das áreas sociais, enquanto o governador Renan Filho retirava Alagoas do posto de estado mais violento do país, bem como sua capital, para ser o estado que mais reduziu índices de criminalidade logo no primeiro ano da sua gestão; simultaneamente o Governador recriou a Secretaria de Estado do Esporte que havia sido extinta em 2007 para desenvolver ações esportivas, principalmente nas comunidades mais vulneráveis. Desde então os índices de criminalidade são reduzidos todos os anos, enquanto cresce o número de escolas em tempo integral, construção de ginásios e outros equipamentos esportivos, o fomento de ações esportivas de base e rendimento, editais e projetos que promovem a cultura popular.

Em relatório emitido pela ONU em 2003, o esporte é apontado como um dos principais instrumentos para o desenvolvimento da paz e incentivar a tolerância. Algumas pesquisas quantificam, inclusive, a prevenção de outros problemas sociais, a ONU estima que para cada dólar investido em esporte, os governos poderiam economizar U$ 3,2 em saúde; nos Estados Unidos, por exemplo, caso a população cultivasse hábitos de vida saudável com a prática esportiva, o país poderia economizar uma média de 75 bilhões de dólares por ano.

Ainda não se completou um mês da edição da MP 841 e as consequências negativas já são enormes. Com a redução dos repasses para o Ministério do Esporte e corte de todos os repasses das Loterias para as secretarias estaduais e diversas entidades nacionais, como a Confederação Brasileira do Desporto Universitário-CBDU e a Confederação Brasileira do Desporto Escolar-CBDE, mais de 100 eventos esportivos já foram cancelados (apenas o Comitê Brasileiro de Clubes-CBC já cancelou 72 campeonatos nacionais), as emissões de dezenas de passagens para a participação de atletas em competições nacionais e internacionais foram indeferidas, a preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020 já está ameaçada.

A mobilização de atletas, dirigentes e gestores tem sido grande, necessário o envolvimento da população para barrar tamanho retrocesso, o maior imposto ao esporte nas últimas décadas. Investir no esporte é sinônimo do cultivo de uma sociedade com tolerância, respeito, saúde física e mental, qualidade de vida... a sociedade que todos sonhamos!

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