Uma vitória da democracia

15/06/2018 14:06 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Finalmente o Supremo Tribunal Federal acertou uma. Depois de um longo inverno de aberrações contra direitos fundamentais previstos até na Constituição, acabou a farra das famigeradas conduções coercitivas. No fanatismo justiceiro que tomou conta da Polícia Federal e do Ministério Público, esse mecanismo virou mais uma porta escancarada ao criminoso abuso de autoridade.

 

O placar apertado de 6 a 5 reafirma a divisão que se instalou no STF. Vê-se que a ala disposta a legislar e atropelar princípios básicos do Direito segue na ativa. É um perigo permanente. São os justiceiros de toga. O quinteto populista do juridiquês. A turma da demagogia dos tribunais. Eis os celerados: Carmen Lúcia, Edson Fachim, Roberto Barroso, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

 

Esse grupo é o favorito da Globo para o Conversa com Bial. Os cinco vivem a passear pelo Brasil dando palestras sobre democracia. Sob essa fachada de guardiões da moralidade nacional, vomitam uma antologia de baboseiras para agradar plateias sedentas por linchamento judicial a qualquer preço. Nessa toada, Barroso e Fux são os campeões das delinquências intelectuais.

 

No julgamento do caso sobre as conduções coercitivas, a dupla repetiu o palavreado que se tornou o eixo de uma trapaça argumentativa. Para os dois elementos, assim como também para Fachim, qualquer defesa dos direitos individuais é estratégia para proteger corruptos. Isso é demagogia das grossas. Por esse raciocínio pilantra, ninguém jamais será considerado inocente.

 

Já escrevi aqui vários textos sobre o que está em jogo neste caso. Sendo repetitivo, o suposto combate a qualquer tipo de crime não pode ocorrer à base de ações igualmente criminosas. Isso é de uma obviedade escandalosa. E isso não é assim para proteger bandido. É proteção essencial a todos os cidadãos. Mas o que não falta hoje em dia é gente disposta à execução sumária.

 

O resultado de agora no STF naturalmente não põe fim a essa onda obscurantista. Patrocinada pelos que deveriam fazer o contrário, que é zelar pelo respeito às leis, a truculência de autoridades está mais firme do que nunca. Barroso, Fux e companhia encontram terreno fértil na mentalidade rasteira de figurões da política e da imprensa. É sempre mais popular defender a degola geral e irrestrita.

 

E os que agem desse modo, é claro, saltitam no picadeiro com discurso de moralistas da consciência da pátria. É o circo perfeito para todo tipo de horrores na contramão do respeito às liberdades individuais. É preciso combater essa distorção que agride valores intocáveis numa sociedade democrática. Nos últimos anos, a moda no Brasil é exatamente o inverso disso. Andamos para trás. 

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