Renan Filho já está (quase) reeleito

17/05/2018 13:13 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Não se vence uma eleição na véspera, todos sabem, mas Alagoas caminha, mais uma vez, para desmentir essa verdade não escrita. É o que se tem até agora, desde que o prefeito Rui Palmeira desistiu de disputar o governo. Com o panorama devastado no campo da oposição, Renan Filho tem tudo para entrar numa disputa sem adversário que o ameace – exatamente como ocorreu em 2014. Os partidos rivais do governador batem cabeça à procura de um nome. E nada.

 

Claro que haverá candidato, e em condições de brigar pela vitória sobre Renanzinho. É o que garantem nomes como Thomaz Nonô, Teotonio Vilela, Benedito de Lira e o próprio prefeito de Maceió – os caciques do bloco oposicionista. Mas isso é o discurso obrigatório; afinal ninguém é maluco de admitir a própria indigência eleitoral. Como se sabe, a aposta em Rodrigo Cunha também deixou de existir depois que o deputado escolheu concorrer a uma cadeira no Senado.

 

Fico pensando o que de fato significa esse quadro de terra devastada na política de Alagoas, a ponto de não haver um único nome capaz de fazer frente ao atual grupo no poder. A hipótese de que estaríamos sob uma gestão aclamada pelo povo é desmentida pela realidade. Segurança, saúde e educação – para ficarmos nas grandes áreas – estão longe do ideal. Mais de uma categoria de servidores ameaça greve, a começar pelas polícias. Há encrencas para quem se dispõe a enxergar.

 

Ao mesmo tempo, é certo também que não se vê um clima de desaprovação ostensiva ao governo. Mas, do mesmo modo, ninguém morre de amores pela situação no estado – salvo engano em minha rasa interpretação do cenário. Ao que parece, há uma certa resignação no eleitorado, pouca disposição e alguma (ou muita) descrença. Nada disso, porém, explica o raquitismo dessa virtual oposição, incapaz de apresentar uma alternativa com capacidade para jogar de igual para igual.

 

Até a primeira eleição de Renan Filho, todas as disputas anteriores foram acirradas, sem um favorito absoluto durante a campanha. A exceção é Divaldo Suruagy, em 1994, que venceu com mais de 80% dos votos, ou algo por aí. O panorama é mais estranho ainda porque, afinal, o governador parece não ter sido contaminado pelo desgaste do cargo – algo geralmente explorado pelos adversários que se apresentam como candidatos à renovação. Isso também não está à mostra agora em 2018.

 

Como tudo isso é problema dos rivais, Renan Filho, com o valioso auxílio do pai, trabalha obsessivamente para consolidar ainda mais seu evidente favoritismo. Atua como nunca no mundo mágico da publicidade e num arrastão que não dispensa ninguém, para uma aliança total, de todos com todo mundo. Daqui a pouco, atrai até o lado inimigo para suas fileiras. Quer dizer, pensando bem, em alguma medida, isso já acontece na prática. Hoje a eleição está resolvida.

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