Quem leva a eleição para presidente

02/05/2018 14:28 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Leio artigos de profissionais que ganham a vida como especialistas em tendência de voto no eleitorado brasileiro. Vejo programa de entrevista com os diretores do Datafolha e do Ibope avaliando o panorama das pesquisas sobre as eleições que vêm aí. No falatório geral temos muita espuma, especulações demasiado cuidadosas e um alto índice de lugares-comuns. Profecia não é fácil.

 

Os palpites e cenários desenhados não variam muito. De tão repetidas por todo mundo, algumas análises parecem surgir do nada, e servem como escoras nos momentos em que debatedores não têm o que dizer. São os piores lances de um jogo sempre arriscado. Espera-se dos debatedores que apontem favoritos, as possíveis surpresas e até eventuais azarões. Mais ou menos por aí.

 

Vamos a algumas ideias consolidadas na praça, a essa altura da bagunça geral. Jair Bolsonaro, hoje, estaria no segundo turno. Isso é tão certo quanto a ideia de que a candidatura pode despencar quando a campanha pegar fogo. Como o eleitor está obcecado pelo “novo”, Joaquim Barbosa também tem fôlego para brigar nas cabeças. Precisa consolidar a posição nos meses seguintes.

 

Mesmo barrado nas urnas, Lula é capaz de garantir votos a um nome do PT escolhido por ele como seu substituto. E esse Plano B também teria chances reais de garantir uma vaga no segundo turno. Isso somente deixará de existir se o partido fizer uma aposta muito errada, numa hora ainda mais equivocada. Quanto mais os petistas demorarem nessa decisão, mais perigos vão enfrentar.

 

Dramática é a situação do PSDB, com Geraldo Alckmin aparentemente sem um discurso claro e contundente. Até agora, ele representa tudo o que o eleitor parece desprezar no atual contexto de ódio aos nomes consagrados. Os números das pesquisas refletem esse diagnóstico. Resta a aposta na estrutura partidária e numa feitiçaria bem-sucedida na propaganda para a TV.

 

Marina Silva e Ciro Gomes, por razões e variáveis distintas, seriam as maiores incógnitas, embora a líder da Rede Sustentabilidade tenha melhor desempenho nas pesquisas do que o ex-ministro. Para o fortalecimento de seus projetos, ambos dependem de alianças, algo ainda em aberto. Ciro sonha com o apoio do PT, uma hipótese hoje vista como remota – para não dizer impossível.

 

A ironia é que as pesquisas garantem que os brasileiros procuram por um nome radicalmente novo, mas os candidatos na ponta das intenções de voto são velhos conhecidos. Parece que, na falta dessa radical novidade, Bolsonaro e Joaquim Barbosa pescam uma parcela dos insatisfeitos com a velha política. É mais ou menos como diz a piada: “Não tem tu, vai tu mesmo”. Mas isso pode mudar.

 

A incerteza absoluta sobre os rumos da eleição para presidente está no índice que reúne os eleitores indecisos e os que dizem votar em branco ou nulo. No total, esse exército de desiludidos é maior que o conjunto que declara preferência por um concorrente. É o universo em desencanto.

 

Por isso, o jornalista Ricardo Kotscho diz que, fôssemos às urnas agora, o senhor Ninguém seria o candidato disparadamente favorito. Mas ainda faltam cinco meses. Tempo suficiente para tudo.

 

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Três dias sem internet aqui na ilha. Segundo a empresa, foi o tempo necessário para uma “manutenção na rede”. Por isso, a falta de atualização. Volto a importunar os leitores.

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