Um fato gravíssimo ocorreu nesta segunda-feira em Maceió. Por ordem da Justiça, que atendeu a um pedido do chefe do Ministério Público Estadual, Alfredo Gaspar de Mendonça, foi presa a jornalista Maria Aparecida de Oliveira. Ela tem 68 anos. Segundo informações divulgadas até agora, após ser detida em casa, ela foi conduzida a uma delegacia e depois ao presídio feminino.

 

As acusações à jornalista seriam por calúnia, difamação e coação de testemunha. Quem se sentiu caluniado e moveu a ação foi justamente Alfredo Mendonça. A assessoria do MPE e o advogado de Maria Aparecida informaram que o processo corre em segredo de justiça. Não há, portanto, detalhes sobre os fatos. O que há, isto sim, é uma sombra pesada sobre essa prisão pra lá de estranha.

 

Pelo que entendi, a acusada está sendo presa por falar e expressar opinião. Isso não pode ser visto como algo dentro da normalidade. É uma medida drástica, com todo o jeito de arbitrariedade. Atenção: ela é apenas investigada, não houve denúncia e muito menos julgamento – até porque seu suposto crime é coisa bem recente, de alguns meses para cá. O que é que está acontecendo?

 

O Sindicato dos Jornalistas precisa se pronunciar. A Federação Nacional dos Jornalistas precisa falar. A Ordem dos Advogados do Brasil precisa dizer o que pensa sobre o caso. Repito: esse episódio nada tem de normalidade. Não estamos diante de um evento corriqueiro. Estamos diante de um ato de força – extremo – contra uma jornalista, uma mulher de 68 anos de idade. Que perigo ela pode representar? Há umas três décadas atuando na imprensa, nunca vi isso na vida pública alagoana.  

 

As entidades que citei têm obrigação de se pronunciar – em defesa da liberdade de expressão e em defesa da transparência absoluta que deve pautar ações dos poderes oficiais. Uma mulher de 68 anos acaba de ser presa em condições nebulosas, de modo sumário, e os envolvidos dizem que tudo é “segredo de Justiça”?! O que é isso? Os fatos precisam ser esclarecidos.