O marqueteiro de Marina Silva está entre o gênio e a besta. Até agora ninguém entendeu por que a ex-senadora lançou sua candidatura presidencial no mesmo dia em que Lula estava sendo preso. Não é possível que alguém tenha imaginado que o assunto Marina teria alguma repercussão de peso em um noticiário monopolizado pela saga do ex-presidente. Mas parece que ela, por alguma razão misteriosa, foi convencida do contrário. E num sábado convulsionado, surgiu a candidata.
Marina foi a sensação na disputa de 2010, quando concorreu pela primeira vez, ainda filiada ao PV, e obteve 19,6 milhões de votos. Quatro anos depois, na eleição seguinte, entrou na campanha como vice de Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo. Na cabeça da chapa, parecia certo que estaria no segundo turno, mas, depois de uma carnificina no horário eleitoral, acabou, de novo, em terceiro lugar. Ainda assim, conseguiu mais de 22 milhões de votos. Teria a mesma força agora?
Não é o que apontam as pesquisas realizadas até o momento. Na verdade, é um tanto complicado se obter um cenário com a devida clareza porque os levantamentos mais recentes trazem Lula como candidato, uma possibilidade hoje descartada. Sem o ex-presidente, alguns institutos mostraram a candidata na casa dos 10%. Ainda saberemos qual o impacto eleitoral com a prisão de Lula.
Alguns analistas consideram que o novo panorama político não sinaliza para o crescimento da ex-senadora, que aliás concorre por outro endereço partidário, a Rede Sustentabilidade, sua nova legenda, da qual é fundadora e principal estrela. Nessa nova tentativa de chegar à Presidência, tem ao seu lado a alagoana Heloísa Helena. É a combinação entre o zen e a estridência.
Longe dos holofotes há um bom tempo, não se sabe ao certo o que Marina pode apresentar que seja capaz de atrair, mais uma vez, o eleitorado à procura de alternativa renovadora. A impressão é de que perdeu o charme da novidade que antes foi associado a seu nome. Resta esperar pela estratégia para reacender o interesse que despertou no passado. Lançar a candidatura em data completamente inadequada não pareceu nada estratégico. Deve ter lá suas motivações insondáveis.