Desembargador do TJ-AL dará aula em curso sobre o “golpe de 2016”

02/04/2018 13:40 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) anuncia quatro nomes já confirmados como professores no curso de extensão sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com o título de O Golpe de 2016 e o futuro da democracia do Brasil, o curso começa na quinta-feira (05), com aulas no campus de Arapiraca, e terá duração de dois meses. Para todos aqueles que tiverem interesse na doutrinação petista, as inscrições ainda podem ser feitas pelo site da instituição. A aula inaugural terá como professor Tutmés Airan, um dos desembargadores do Tribunal de Justiça do estado.

 

Até onde sei, os outros três professores confirmados são: Luciana Caetano, economista e professora da Universidade Federal de Alagoas; Ricardo Coelho, jornalista, ex-delegado regional do Trabalho e também professor da Ufal; e Othoniel Pinheiro, defensor público do Estado. Cada um deles abordará um aspecto do que consideram ter sido uma trama subterrânea para derrubar a primeira mulher no comando do país. Pelo que entendi, esses mestres farão uma espécie de aula especial – não estarão ao longo de todo o curso. As aulas ocorrem à noite, entre 19h e 22h.

 

Ricardo Coelho é petista de carteirinha há umas três décadas. Exerceu a chefia do Ministério do Trabalho em Alagoas no primeiro mandato do então presidente Lula. Ele é um caso típico de militante partidário, a serviço das causas do PT em tempo integral, que faz da universidade um bico. Quando o trabalho no partido dá uma folga, ele reaparece para suas brilhantes aulas no curso de Comunicação Social da gloriosa Ufal. Naturalmente, não é o único a fazer da universidade passatempo remunerado. Por isso, o nível de nossos acadêmicos é referência nacional.

 

O nome que mais parece surpreendente nessa lista de pensadores é o de Tutmés Airan. Não por suas ideias políticas. Porque, para quem não sabe, também se trata de um petista histórico, embora tenha abandonado a militância ao ingressar no Poder Judiciário. Pelo menos é o que imagino. Mas é como no futebol: uma vez Flamengo... Um caso de amor não acaba assim tão fácil. Aliás, a participação do desembargador nesse barco está de acordo com sua trajetória, digamos, de rebeldia e vanguarda. Como advogado, sempre atuou pelas demandas de todas as minorias.

 

Ao escancarar sua simpatia política, Tutmés Airan mostra que nem todo o Judiciário pode ser considerado “golpista”, como acusam os próprios petistas. O desembargador deixa claro também que não está preocupado com a opinião de seus colegas no TJ, muito menos com a turma de togados nos tribunais superiores. Digo isso porque o impeachment cumpriu todas as formalidades de um devido processo legal, sendo assim reconhecido pela corte máxima da Justiça, o STF.

 

Mas o desembargador não concorda com esse entendimento que acabo de escrever. Vejam lá no material produzido pela Uneal (foto) o tema da aula que ele vai ministrar para os estudantes e discípulos do petismo: O papel do Poder Judiciário no golpe e o futuro da democracia no Brasil.

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