As pedradas em cima de Lula

27/03/2018 00:11 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Nos últimos dias, na chamada caravana pelo sul do país, o ex-presidente Lula tem sido alvo de manifestações violentas. Antes mesmo de chegar aos locais para discursar, Lula viu o ônibus em que viaja ser atacado ainda na estrada. Depois, em palanques, ele foi alvo de pedradas por gente que atua abertamente pela campanha do presidenciável Jair Bolsonaro. É uma boa amostra do espírito de tolerância e princípios democráticos da nossa turma da direita moderna. Porrada no sapo barbudo!

 

É muito além de esquisito que motivações políticas arrastem pessoas que se querem pacíficas ao caminho do linchamento. Não se contentam apenas com a artilharia verbal – precisam, ao que parece, silenciar completamente o outro, eliminar fisicamente o adversário. De certa forma, os episódios de agora revivem a ira que parte da sociedade, numa mistura de burrice e arraigado preconceito, sempre dispensou a Lula e às forças identificadas como de esquerda. Isso é história.

 

Até o último dia de seu mandato na Presidência, Lula alcançou índices de aprovação jamais obtidos por nenhum de seus antecessores. Ao longo dos últimos anos esse apoio evaporou, é verdade – mas o que provocou tamanha reviravolta? Sim, Lula é o chefe da quadrilha, é o maior bandido na vida pública brasileira, é o homem que montou um “projeto criminoso de poder”. E onde tudo isso está evidenciado? Já sei: a prova está naquele Power Point de Deltan Dallagnol, é isso? Contem outra.

 

Acusado de tudo pelos assanhados riquinhos do Ministério Público Federal – aqueles que adoram um auxílio-moradia, entre outras safadezas –, Lula liquidado é o troféu que o fanatismo da Lava Jato caça de modo obsessivo. Pelo menos de 2014 para cá, não há dúvida de que o ex-presidente teve sua vida devassada por investigadores que atuam como num regime de exceção. Para pegar esse petista desgraçado, Polícia Federal, MPF e Judiciário cometeram crimes em sequência.

 

Não se pode esquecer que um desses atos criminosos tem a escandalosa assinatura de Sergio Moro, a tranqueira de Curitiba, que mandou grampear os telefones de Lula e depois vazou sua conversa com Dilma Rousseff – nada menos que uma presidente da República no pleno exercício do cargo. Nem a ditadura militar ousou tamanha ilegalidade. Somente por essa aberração, Moro teria de ser afastado do caso e até preso. Mas está aí posando de vestal da moral alheia. Sinistro!

 

Como disse, a vida do ex-presidente foi revirada até a quarta geração de antepassados. E o resultado? Ele tem contas em paraísos fiscais. A empreiteira abriu uma conta especial para Lula na Suíça. Vejam os depósitos bancários pelas falsas palestras. O homem levou propina bilionária na Arena do Corinthians. E vai por aí. Agora vamos ver essas contas e todo esse tesouro... Nada. A vagabunda investigação não tem um número sequer de contas ou propinas. Acharam um tríplex.

 

Mas a tal narrativa tinha de ser adotada pelos “brasileiros que não toleram corrupção”. Aí entra o balé muito bem entrosado entre política, aparato investigativo e setores da imprensa – o parceiro visceralmente essencial no altar dos santinhos e heróis desses tempos estranhos. E não é que deu certo! Aí está Lula, a maior liderança popular da história do Brasil, apedrejado em praça pública. Os que acham que isso é uma maravilha civilizatória babam de prazer. Eu? Me inclua fora dessa.

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