Populismo

25/03/2018 16:08 - Blog da Claudia Petuba
Por Redação
Image

     O populismo virou sinônimo de atuação política indesejada, quando se rotula algum político de populista, já sabemos que se trata de um insulto e não de elogio. Derivada da palavra “popular”, o populismo faz menção às pessoas que atuam com o objetivo de conquistar a população, o povo, a massa. Se o ideal seria que a classe política servisse aos interesses das grandes maiorias, ou seja, do povo, por que no final das contas é ruim ser populista?

     Dando um “google” a primeira definição que aparece de populismo é “simpatia pelo povo”. Vinculado à política, podemos dizer que populista é a liderança política que estabelece relação direta com o povo, que consegue ser maior que o Partido que representa ou a Instituição que atua, e com determinado carisma conquista as massas. Alguns ligam o populismo à ditadura, mas se tratam de coisas distintas e não necessariamente se cruzam no mesmo período histórico, num mesmo governo.

     Muitos atribuem às massas a capacidade de lidar apenas com emoções e não com a razão, como se fossem animais não domesticados, assim, quando eles decidem por algo seriam levados pelos impulsos dos sentimentos, seriam seres mais frágeis e alvos fáceis para o aliciamento dos orados que de forma popular falam sem intermediários. Daí a desqualificação de suas opiniões pelos setores “esclarecidos”. Como a grande maioria da população possui nível de escolaridade baixo, quando sua opinião diverge do intelecto... eis que surge a desqualificação dessa vontade.   

     É grande o número de pessoas que classificam que inteligência e melhor capacidade de escolha estariam atribuídos àqueles que possuem formação acadêmica, fazendo um paralelo de que quanto maior o nível de escolaridade, maiores seriam essas qualidades; ocorre que existem muitos analfabetos que conseguiram tirar lições das experiências da vida e construíram sua sabedoria de forma nata, conseguindo dar respostas aos problemas com melhor desenvoltura que muitos diplomados que se limitaram a decorar e reproduzir teorias, mas quando postos para lidar com os problemas reais entram em parafusos. É indiscutível que o ideal é que todos tenham o maior nível de estudo possível, mas utilizar diploma ou acúmulo patrimonial para mensurar nível de sabedoria para lidar com a vida é atentar contra a própria sabedoria.

     Não podemos desconsiderar que existem os bons oradores populares que escondem más intenções, os lobos em pele de cordeiro, da mesma forma que é certo que a vontade da maioria também pode cometer equívocos, foi assim com a Alemanha nazista que elegeu Hitler e o apoiou até que os adversários externos o derrotassem. Faz parte do processo educativo e de formação de um povo tirar lições com as consequências das decisões que toma.     

     Na política eleitoral tem predominado na história do Brasil a vontade das elites, dos setores mais favorecidos do ponto de vista econômico, logo, a vontade destes seria o parâmetro para classificar o que é ou não populista. Prova maior disso é o “google” que citei acima, onde o terceiro sítio que aparece é sobre populismo na era Vargas, rotulando-o como um autoritário que desrespeitou a liberdade e a democracia. Foi Getúlio Vargas que criou a Justiça do Trabalho, a Carteira de Trabalho, limitação da jornada de trabalho por semana, férias remunerada e uma série de outros direitos trabalhistas e sociais vigentes até os dias atuais.

     A maioria dos feitos dos ditos populistas são melhorias na vida da população, mas para que a maioria ganhe mais a minoria precisa abrir mão de “lucros estratosféricos” para terem “lucros terráqueos”. E assim, priorizar a grande maioria da população, o povo, a massa... virou um problema.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..