Rodrigo Maia, o deputado que preside a Câmara em decorrência de grande conchavo criminoso, acredita que tem tudo para virar presidente do país. Intelectualmente medíocre, no jogo político ele sempre foi, e continua sendo, um ator irrelevante. Mas, diante do samba do crioulo doido em que se transformou a vida pública brasileira, qualquer bagaceira se acha alguma coisa.

 

Com a Presidência da República desmoralizada, e com um Judiciário de costas para a Constituição, é claro que o Parlamento não poderia ficar para trás no campeonato da malandragem. Por isso mesmo, somente um milagre poderia gerar uma candidatura presidencial a partir do Congresso Nacional. Como não existe milagre (nem nunca existirá), deputados e senadores não têm chance.

 

Ocorre que os políticos – que vivem em outro planeta – acreditam no que querem acreditar, por mais tresloucadas que sejam suas apostas. Só isso explica a ousadia de Maia e assemelhados em jogadas eleitorais para 2018. A maioria deles, na verdade, está morrendo de medo de não renovar o mandato na Câmara e no Senado. A rejeição generalizada ameaça quase todos.

 

Porque habitam um mundo paralelo, parlamentares agem como se nada tivesse ocorrido nos últimos anos. Enquanto a polícia bate na porta de um e de outro toda semana, as excelências não mudam uma vírgula em seus métodos e ideias. Reforma trabalhista? Previdência? Que nada. Essa turma mata e morre mesmo é pelo dinheiro do fundo partidário e pela ocupação de cargos.

 

A cara de pateta de Rodrigo Maia é o retrato à altura de um Congresso que há muito ninguém respeita. A outra face da patetice são as tacadas obscuras que miram tão somente as vantagens pessoais e partidárias. Daí porque os projetos de qualquer reforma, tidos como urgentes e necessários, mudarem a cada minuto, segundo as conveniências eleitoreiras.

 

Na crise permanente, uma das maiores encrencas é justamente esperar por reformas legítimas a partir de um Parlamento destituído de qualquer pingo de credibilidade. Quem pode levar a sério senadores e deputados que colecionam inquéritos na Polícia Federal e processos no STF? Por causa do lamaçal de Brasília, a impressão nas ruas é de que não sobrou ninguém digno de confiança.

 

Diante da tragédia, fala-se que somente as urnas podem produzir uma faxina no Legislativo. Periga ser tal sentimento a reedição de uma velha ilusão que se repete a cada quatro anos. Atribui-se a Ulysses Guimarães o seguinte pensamento: “Você acha que o atual Congresso é uma desgraça? Espere até ver a qualidade do próximo”. E é por aí mesmo. Difícil encarar o panorama com otimismo.

 

Ainda assim, bom ou péssimo, que o atual Parlamento continue trabalhando, no pleno exercício de suas prerrogativas; e que venham as novidades a partir do nosso voto, mesmo que velharias sejam eleitas. Porque, mesmo em fase bizarra, são as regras do jogo numa democracia. E, sim, ao contrário do que dizem lunáticos por aí afora, vivemos num regime democrático.