A perigosa escolha de Rui Palmeira

13/09/2017 16:40 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Leio aqui no CADAMINUTO que há um impasse, ou algo por aí, entre os tucanos estaduais quanto às eleições de 2018. O caso é o seguinte: na lógica dominante do jogo político, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, seria candidato natural a governador. Se decidir pela alternativa da disputa, será provavelmente o adversário mais ameaçador ao projeto de reeleição do governador Renan Filho, do PMDB. E por que os nomes locais do PSDB vivem uma crise interna com esse cenário? Qual seria a encrenca?

Ainda segundo este site, o mal-estar seria a posição do ex-governador Teotonio Vilela Filho, pré-candidato a senador. Nessa condição, a aproximação de Téo Vilela com o senador Renan Calheiros (PMDB) incomoda o prefeito e aliados. Fala-se até em troca de partido. Parece exagerado. No papel de adversário do governo, Rui cobra de Vilela uma postura de oposição explícita – e exige a tucanada unida contra os Calheiros, pai e filho.

Mas por que Rui Palmeira precisa disputar o governo em 2018? Respondem os analistas – entendidos e pragmáticos: porque, após ser reeleito em 2016, está na segunda temporada na prefeitura e, caso permaneça no cargo, ficará sem mandato a partir de janeiro de 2021. E daí? É o fim do mundo? Sem ser analista (nem entendido e nem pragmático), chuto que pode ser o contrário. Pode ser a melhor decisão.

Quando se elegeu governador em 1998, o hoje deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) estava sem mandato. Havia sido prefeito de Maceió após uma surpreendente vitória em 1992. Como a reeleição era proibida, deixou o cargo no fim de 1996 e foi estudar no exterior. Voltou dois anos depois e bateu o então governador Manoel Gomes de Barros. Reeleito em 2002, em 2006 Lessa viveu experiência oposta. Largou o segundo mandato para disputar o Senado e acabou derrotado.

Outro exemplo é do próprio Téo Vilela. Preferiu cumprir os dois mandatos de governador e, na disputa de 2014, viu a briga por votos acomodado na arquibancada. Sem exercer cargo nenhum, as chances de obter um mandato de senador em 2018 podem ser maiores do que na eleição passada.

Na prefeitura de Maceió, até agora, Rui Palmeira passa longe de qualquer tipo de escândalo. Não há qualquer denúncia que lance alguma sombra de dúvida sobre sua conduta como gestor. No Brasil da Lava Jato, não é pouca coisa. Trata-se mesmo de um capital político a ser explorado numa campanha.

Além disso, cumprir o mandato até o fim também seria uma qualidade, e não um problema. Agindo assim, Rui pode se apresentar, em 2022, como alguém que não atuou açodadamente, por vaidade ou interesse pessoal, na busca de um cargo a todo custo. Pode alegar ainda o senso de responsabilidade no compromisso com o eleitor. E, finalmente, dois anos passam voando. Largar o mandato e partir numa aventura de resultados imprevisíveis não me parece razoável. Seria uma escolha cheia de perigos.

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