Político que não é político, partido que não é partido

22/08/2017 00:03 - Blog da Claudia Petuba
Por Redação
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O crescimento da descrença da população com a política vem gerando mudanças de atitude e comportamento, o que não significa, automaticamente, progressos no mundo da política. 

Partidos políticos procuram ressignificar sua atuação com mudanças nos seus respectivos registros com o objetivo de retirar do nome a palavra "partido". Na prática a palavra pode ser diferente, mas a intenção continuará sendo a mesma, um "grupo de pessoas unidas pela mesma opinião, mesmos interesses e mesma ação política" (Dicionário Online de Português), ou coisa do tipo. Quanto às práticas, não custa nada ter um pouco de esperança, mas acredito que não preciso nem "gastar tinta" dizendo que a probabilidade maior é que não mude nada - pode até ocorrer um entra e sai de pessoas, mas o objetivo de acumular força para disputar espaços de poder e difundir suas ideias continuarão como metas principais.

Da mesma forma com os "neopolíticos", pessoas do mundo dos negócios ou entretenimento que se jogam no mundo da política sob o rótulo de não serem políticas, como se com isso atestasse uma hipotética dignidade e capacidade de gestão maiores pelo fato de se intitular apenas como gestor. Ignoram que para ocuparem o almejado posto percorrem os mesmos caminhos que os políticos mais experientes: reuniões e mais articulações, filiação partidária, muita articulação e contas matemáticas até sair uma coligação, Convenção, campanha, fotos, abraços, voto...  E ao assumir uma função/cargo no setor público terão as mesmas responsabilidades. 

Abordo este tema não com ares de decepção política, muito pelo contrário, pela crença no poder de transformação social (positiva) que ainda possuem os "partidos políticos" e os "políticos", com esses ou outros nomes as tarefas serão as mesmas. Chamar um pequeno pedaço de pão, velho e duro, de "croutons", vai parecer algo mais requintado e elegante (faz até com que tenha um valor de mercado maior - o que o marketing não faz!?!), mas no final vai continuar sendo apenas um pequeno pedaço de pão, velho e duro. 

A política cumpre um papel importante, apenas reflete valores presentes na sociedade num dado momento. Em tempos de capitalismo selvagem, como não achar que as negociações do universo privado não se estenderiam para a esfera pública? Mundo em que o setor privado tenta vender a imagem de que é o "reino das virtudes", quando nos seus bastidores as ditas "práticas escusas" se repetem: sonegação de impostos, subornos, lavagem de dinheiro, etc (importante destacar que existem boas e más práticas em todos os setores, público e privado).

No caso da mudança dos nomes dos partidos políticos é mais uma prova dessa influencia, no setor privado este tipo de prática é mais comum sob o título "reposicionamento de marca" com o propósito de melhorar a posição da marca no mercado e assim conquistar mais consumidores. Evidencia uma sociedade que supervaloriza a estética, as formas e embalagens ao invés de se atentar ao conteúdo e valores imateriais.

Política é a arte de juntar gente, construir consensos, debater conteúdo...a política acontece em casa, no trabalho, na igreja, na vizinhança, em organizações cujo ingresso ocorre apenas mediante concurso público... Negar a politica significa negar a vida em sociedade, negar os partidos significa defender uma vida pautada no individualismo e isolamento; optar viver com bicho e planta que conviver com outras pessoas. Negar tudo isso significa ignorar as necessidades inerentes à condição humana de viver em sociedade, significa adoecer!

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