PRATO NACIONAL

26/08/2016 15:30 - Cozinha Intuitiva
Por redação

Fazendo uma busca no Google, só por curiosidade, coloquei "comida brasileira" direcionada para imagens. O resultado da busca não chegou a surpreender, mas constatou a imagem distorcida que nós mesmos temos sobre nossa alimentação. Resultado: incontáveis pratos de feijoada. Lógico que apareceu acarajé, coxinha, mas muito mais a feijoada. O resultado da busca aponta pra uma unanimidade.

No entanto, a gastronomia brasileira é diversa, rica e particular a cada região. Podemos nos comparar a Itália quando o assunto é regionalismo gastronômico. Na Itália, cada região tem seu tipo de queijo, sua massa (grano duro, semolina, grano tenero...), vinho e azeite. Essa consciência da produção (a ideia de que cada região é particular) torna-se importante para o sabor final do que se come e a identidade gustativa de cada uma das regiões. Essa identidade italiana se deu por conta de seu processo de unificação, tardia, resultante da junção de vários reinos, ou seja, polícia e economia foram centralizadas e pensadas de maneira unificada. Mas a identidade gastronômica continuou diversa. E ainda hoje, se perguntar a um cidadão italiano onde encontrar a melhor comida a resposta será: na casa Nonna.

No Brasil, a formação gastronômica tem como ponto de partida a alimentação indígena. A manutenção até os nossos dias das frutas, peixes, carne de caça, ervas e a utilização de alimentos sempre frescos. Tendo em vista que a armazenagem não era necessária. Hoje, tal influência se encontra mais forte na região Norte do Brasil. Durante o ciclo da borracha, as famílias enriquecidas pelo ciclo da borracha trouxeram chefs franceses que adaptaram suas receitas aos ingredientes brasileiros recriando a alimentação amazonense.

No Sul, a gastronomia foi formada pelos imigrantes vindos em massa da Itália e principalmente da Alemanha, e formou uma alimentação onde é muito presente a massa e os embutidos. Complementando esse cardápio com o churrasco.

No Centro-Oeste, temos os peixes de água doce: pintado, pacu, pacupeba, piabucu, piraputanga e dourado. Animais selvagens e carne bovina introduzida durante década 40.

No Sudeste temos a feijoada, no Rio de Janeiro; a virada paulista e o pastel de feira em São Paulo e o queijo e cachaça em Minas.

O Nordeste é dividido entre Litoral (frutos do mar) e o Agreste com a carne do sol, charque, feijão verde, abobora e cuscuz. Obviamente essa culinária se mistura. Aqui, o Agreste se encontra com o Litoral e visse e versa. No Sertão, podemos encontrar mais facilmente o carneiro, bode e os queijos de coalho e queijo manteiga produzido nas vacarias.

Mesmo com toda essa diversidade a nossa resposta automática a pergunta “qual prato representa o Brasil?” continua sendo a feijoada. O feijão foi introduzido ainda no Brasil Colônia como forma de fixar os indígenas e mantê-los próximos aos colonizadores. Durante o império, o feijão foi adotado como dieta nacional incentivando o plantio e consumo em todo o país.

O mais comum sempre foi cozinhar o feijão com algum tipo de carne, para dar um gostinho. Acabou que cada região foi pondo as carnes que tinham acesso. Culminando numa espécie de paella a base de feijão. Mas a feijoada como é tida (carioca) não é consumida frequentemente em todo o país. Não é um prato presente na mesa do brasileiro com tamanha constância quanto os regionais citados acima.

Então amiguinhos, vamos prestar atenção nos alimentos ao nosso redor, nas receitas de nossas avós, procure aquele caderninho de receitas da sua tia.

 

 

 

 

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