Para onde quer nos levar o Canal do Sertão?

03/10/2012 07:43 - Jamerson Silva
Por Redação

Pouquíssimas imagens são tão aterradoras quanto os agudos efeitos da escassez de comida e água, provocados pelo flagelo da seca na região do Semi-árido.


No Sertão alagoano este problema segue desafiando as três esferas da administração pública quanto a efetividade das suas políticas. Ainda em 2012, a estiagem que atingiu a região foi considerada uma das maiores dos últimos 40 anos.


A diferença observada em períodos recentes, é que os programas públicos de transferência de renda para a população mais pobre, notadamente o Bolsa Família, Seguro Garantia Safra e Programa de Aquisição e Distribuição de Alimentos-PAA, ajudaram a atenuar o seu sofrimento.


Desde quando Graciliano Ramos retratou a dramática saga de Fabiano e sua família no clássico da literatura brasileira Vidas Secas, o Canal do Sertão é possivelmente o maior projeto estruturante que se propõe ao enfrentamento do problema da seca em Alagoas.


Naturalmente, nada de equivalente importância escaparia as inúmeras polêmicas que iriam da sua concepção até o seu processo de execução.


Não obstante, o Canal do Sertão é um equipamento público de grande importância para apoiar o desenvolvimento de Alagoas.


Muito além da polêmica a respeito do uso e destinação da água viabilizada pelo Canal, o fato é que ele contribuirá decisivamente para o desenvolvimento da região.

Dentre os seus maiores críticos, pode-se destacar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra-MST , que calibrou seu protesto no modelo de desenvolvimento ao qual serviriam os seus resultados, sejam eles apoiados pelo agronegócio ou outro baseado na agricultura familiar. Digo que necessitamos de ambos.

E objetivamente é importantíssimo o papel exercido pelos movimentos sociais como fiscalizadores das ações da gestão pública. Isso impõe a maior qualificação do debate.


Entretanto em que pese a importância do Canal para o sertanejo, todos concordam que sem água não dá para continuar.


O Canal está localizado ao longo do Sertão do Estado de Alagoas, em vários municípios começando por Delmiro Gouveia até o povoado de Folha Miúda, em Arapiraca, no Agreste do Estado. Conforme informação obtida no site do Ministério da Integração Nacional.


A idéia é a canalização de água que percorrerá em torno de 42 municípios do Sertão e Agreste de Alagoas, utilizando principalmente a própria força da gravidade.


É evidente que o Canal do Sertão se impõe hoje como uma preciosa realidade apesar da angustiante espera do sertanejo.


Muito além da grande contribuição que dará para viabilizar a irrigação da agropecuária e apoio a piscicultura no Sertão e Agreste, este canal apresenta um potencial efeito integrador na economia alagoana.


Compreendemos que seria bastante improdutivo pensar que se alcança o desenvolvimento com único empreendimento. Não é esse o propósito, e afirmo que também não é essa a realidade de Alagoas.


O efeito integrador do Canal do Sertão ocorrerá na medida do entendimento de que nenhum município da região alcançará o seu desenvolvimento de forma isolada. Longe de ser um efeito causador de dependência, esse aspecto possibilita o compartilhamento de soluções.


Imagine por exemplo como será produtivo pensar o turismo em Alagoas integrando o litoral, Agreste e Sertão. E o crescente número de outras atividades que passam a ser viabilizadas pelo fato de haver acesso a água na região.


O Canal é portanto de Alagoas, e leva sem a menor dúvida a melhoria da qualidade de vida do povo ao passo que contribui para o crescimento econômico da região.
 

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