Alagoas e sua Indústria da Cana são como Siameses: o golpe que atinge a um, faz o outro agonizar

30/09/2012 06:28 - Jamerson Silva
Por Redação

A notícia de falência do Grupo Laginha, do deputado federal e empresário João Lyra, assemelha-se a um daqueles remédios cuja dosagem controla a enfermidade ao mesmo tempo em que mata o paciente. Certamente está muito longe de ser um motivo de tranquilidade para qualquer alagoano minimamente interessado no desenvolvimento do nosso estado.


O motivo é o de que esta medida, embora pareça solução razoável para os demandantes das ações de cobrança junto ao judiciário, ameaça a manutenção e geração de empregos no estado já na segunda página desse drama.


Decretada pelo Tribunal de Justiça de Alagoas nesta quinta-feira 27 de setembro, a falência do grupo sucroalcooleiro da Laginha Agro Industrial pode ser o início de uma conjuntura sombria para a economia de Alagoas em anos vindouros. O grupo que se encontrava em recuperação judicial por acumular dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão com fornecedores, pertence ao setor industrial cuja importância se traduz na principal atividade produtiva do estado.


Ainda que no processo de falência formal, pressuponha a manutenção das atividades das empresas com o propósito de evitar o calote, os seus desdobramentos para o mercado são extremamente negativos. Dificilmente existe possibilidade de todo o setor sucroalcooleiro evitar uma crise de confiança.


O mercado pode ser comparado a um organismo extremamente nervoso. De forma que essa decisão não poderia ter vindo em pior momento. Para o mercado, essa decisão do Judiciário alagoano exporá uma fragilidade do setor para honrar seus compromissos e expandir investimentos, num contexto que ainda amarga a sombra da crise mundial.


Não nos surpreende o tenebroso tom nas palavras do presidente da Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, José Ribeiro Toledo, na matéria do Plínio Lins veiculada no último dia 27/09 pelo portal Tudo na Hora: “Agora é aguardar os desdobramentos, esperar que sejam suaves...”.

Não sem motivo, o mesmo tom foi acompanhado pelo governador Teotônio Vilela Filho e o Vice José Tomás Nonô ao falar sobre o mesmo assunto, como mostra a matéria veiculada aqui no seu portal Cadaminuto escrita por Jonathas Maresia nesse 28/09 “Alagoas deve fechar ano com déficit orçamentário de R$ 250 milhões”.


O interessante tutorial encontrado no Portal São Francisco esclarece conforme o seguinte:

O açúcar ocupa na alimentação humana e na tecnologia de fabricação dos alimentos uma posição de destaque.
Além de se constituir num nutriente energético muito importante, por suas propriedades características, confere a determinados alimentos quantidades de textura, corpo, palatabilidade, estabilidade e outras ações físicas específicas, que não encontram paralelo em outros ingredientes. A cana-de-açúcar – uma gramínea gigante, grossa e perene cultivada nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo - é a principal fonte de sacarose ou açúcar.

O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar de cana do mundo, com os menores custos de produção, em consequência do uso de tecnologia, pesquisa agrícola e industrial, além de avançada gestão de negócios. O país detém hoje quase um terço do mercado mundial de exportação e também o menor preço de açúcar do mundo.


O açúcar já chegou a ser conhecido no Continente Europeu pelo apelido de “Ouro Branco”. Tamanho é o seu valor agregado e importância comercial.

Entretanto a Indústria Sucroalcooleira, como sugere o seu nome, é estratégica também na produção da chamada energia limpa posicionando o Brasil como líder tecnológico nesse segmento em virtude da eficiência do processo de extração do álcool combustível utilizando a cana-de-açúcar como matéria prima.


O processo de falência que se abateu sobre a Laginha Agro Industrial já repercutiu em todo Brasil e naturalmente extrapolou as fronteiras nacionais. Este evento pode ser o início de um pesado fardo que a economia alagoana amargará em carregar.
 

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