Tá com vontade de fazer xixi?

06/05/2012 18:34 - Balaio do Teles
Por Redação

Olá, pensadores!

A campanha preventiva contra os mijões das ruas, lançada no carnaval deste ano, aquela que tinha um jingle que ficou na cabeça de todo mundo, bem que podia se estender pelo resto do ano, sobretudo em lugares como a orla de Maceió, cuja quantidade de usuários é sempre intensa e constante.

A musiquinha que ficou martelando dizia, mais ou menos, assim: “tá com vontade de fazer xixi? Não faz aqui, não faz aqui. Nosso bloco, a gente vê: é cheiroso, é maneiro. Tô falando pra você: lugar de mijão é no banheiro!”. O jingle, bem bolado, passou uma mensagem necessária. Afinal, quem andava na orla (ou em qualquer lugar público que serviu de palco para o carnaval), no dia seguinte ao da folia, sentia, nas narinas, a fedentina que a ureia potencializada pela cerveja deixava.

O problema, como dito, é que passado o carnaval e recolhido o arsenal de banheiros químicos utilizados para a festa, lugares como a orla de Maceió ficaram absolutamente desprovidos de sanitários públicos que possam ser utilizados pelos “mijadores” de plantão que aproveitam o fim de semana (ou qualquer outro dia) na praia. Quem não estiver pagando para estar num dos quiosques à beira mar, certamente, terá dificuldades para esvaziar a bexiga ou, o que é pior, o intestino grosso.

Costumo fazer minhas corridas na orla e, curiosamente, hoje, perto das 18h, um casal branco, com um portunhol sofrível, questionou-me: “onde posso encontrar um banheiro? Estamos muito apertados!”. Eu olhei para os lados e, sinceramente, não consegui achar uma resposta melhor que: “Olha, essa barraca aqui tem banheiro... Agora, se o senhor não está consumindo nada nela, creio que lhe cobrarão para usar o sanitário”. Eles me olharam e, meio incrédulos, retrucaram: “pagarei para mijar? É isso? Que absurdo! ”. E eu, sem mais palavras: “pois é”.

Meus amigos, eu, sinceramente, não consigo entender certas coisas. Como é que temos uma orla magnífica dessas, um mar que, sem dúvida, é o mais bonito de todo o nordeste e continuamos tão miseráveis em fazer o que é básico? Tão burros em deixar passar as oportunidades de potencializar o que temos de melhor? Quantas línguas negras temos desde a praia da Avenida até a praia de Cruz das Almas? E quantos banheiros públicos nesse trecho? É tão difícil, prefeito? Fala, governador?

O que sei é que a beleza de nossas praias não justifica que elas sejam mal cuidadas, como se o pensamento “é tão bonita que, mesmo assim, atrai os turistas” amenizasse a negligência. Antes mesmo de ser uma questão de passar uma boa impressão, é uma questão de higiene, de saúde.

Ora, se já não somos essas maravilhas nos outros índices socioeconômicos, que pelo menos nesse (o turismo minimamente de qualidade), no qual a natureza nos deu uma força sobrenatural, é obrigação dos gestores serem mais diligentes, mais inteligentes e mais organizados, do ponto de vista de gestão pública.

As belezas naturais de Maceió são patrimônio de todos. Precisamos cuidar melhor deste presente. Banheiros públicos e saneamento sanitário da orla são medidas básicas, elementares mesmo, que não podem mais ser adiadas. Precisamos cobrar isso com mais efetividade.
 

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