A televisão e a fabulosa fábrica de desgraças!

23/01/2014 14:50 - Balaio do Teles
Por Silvio Teles

Olá, pensadores!

Sempre dei de ombros com a postura de pessoas que imputavam à televisão brasileira um papel quase demonícaco de subverter a moral e os bons costumes, de ensinar a avareza, a traição, a ambição, a poligamia e toda sorte de “mazelas” que atormentam nossa ideia de princípios e valores morais.

Hoje, no face, vi um post que provocou em mim esta reflexão. O post citava, numa imagem com o sinal da Rede Globo e o carimbo de proibido, o que teríamos se permitíssemos que nossos filhos vissem a televisão: canalhice, traição, incitação à homossexualidade, ambição desenfreada, etc. E culminava dizendo que nós devíamos dizer “não” à Rede Globo em prol de uma sociedade com valores morais mais sadios e éticos.

Nisso, me veio o estalo! Putz, a Globo é fogo mesmo! Foi ela que inventou o mal na humanidade e também tudo que não presta! Inclusive, antes mesmo de a televisão brasileira existir, tenho certeza, foi projeto dela a coisificação da mulher, a cultura do machismo de cabaré, os filhos fora do casamento, o sexo com as negras escravas, o racismo, a falta de tolerância, etc. Ah, e, claro, a Globo inventou os homossexuais, os drogados e os ladrões também. Antes dela, nada disso existia.

Sinceramente, lamento o grau de discernimento de quem compartilha um post dessa natureza. É que, se há verdade em saber que, como empresa, a Globo irá surfar na onda que lhe trouxer lucros (como a massificação midiática da cultura gay, para citar um exemplo atual e repudiante), imputar à emissora a responsabilidade pela nossa atual “crise ética” (?) é, no mínimo, inocência.

Amigos, desde que o homem é homem há traição, há poligamia, há juventude desvairada, há rebeldia, há homossexualidade e todas as outras “desvirtudes” que os defensores da moral apontam. Talvez, a principal marca dos tempos atuais é, tão somente, que não se tem mais o pudor de esconder o ponto socialmente condenável, como se fazia antigamente, em que uma mulher era obrigada a aguentar o sofrimento de um casamento infeliz ou que um homem era forçado, para a conveniência social, a reprimir sua sexualidade.

Hoje, estes sentimentos humanos – e porque humanos presentes em nós desde sempre – ganham transparência nas tramas, gostem os conservadores ou não. Nada há de novo, a não ser isso: a transparência com que nossos supostos “desvios de conduta”, agora, são demonstrados na televisão. Somos, enquanto sociedade, maus e bons, mocinhos e bandidos, traídos e traidores, vítimas e golpistas, somos nós a inspiração das tramas e não o contrário.

Portanto, relaxe! Se seu filho está vendo televisão, o melhor passo para ajudar a construir sua consciência cidadã é dialogar sobre o que ele está vendo na TV. Quando acontecer na prática, com ele – porque vai acontecer – ele se lembrará dos conselhos que foram dados por você e estará pronto para fazer as escolhas que a vida vai exigir dele.

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