Essa Copa do Mundo, que está às portas, somente não será o maior fiasco mundial se o povo brasileiro, naturalmente passivo e de memória curta, trocar os protestos pela festa. Como cãozinhos adestrados, receberão qualquer petisco de felicidade e esquecerão os maus-tratos que diariamente recebem.

Ontem, em pronunciamento Oficial, a presidente desceu do posto de Chefe de Estado e ocupou o papel de líder partidária, que é o que na verdade quase todos os políticos são. De discursar para o mundo como líder dos brasileiros, passou a contraargumentar, sem um argumento sólido sequer, o que ela chamou de "pessimistas", como num debate raso, numa roda de fuxico e disse-me-disse.

Quisesse a presidente calar os pessimistas, tivesse apresentado os novos aeroportos anunciados por ela, ontem, como construídos. Ou mostrasse as novas linhas de metrô construídas, que também constaram ontem no seu discurso. Mostrasse os milhares de quilômetros de novas pavimentações, de reformas de vias antigas, as dezenas de pontes e viadutos que apareceram no seu discurso ontem como meras palavras, sem a menor referência de em que lugar foram erigidos.

Quisesse a presidente falar do acerto em organizar a Copa, tivesse mostrado a crítica internacional dos Estádios que ficaram prontos. Os arremedos, os tapumes, as estruturas e gambiarras para muitas áreas internas dos estádios, o cimento despejado às pressas nos arredores, os isolamentos das área não prontas, coisas que qualquer um pode conferir pesquisando no google.

Quisesse a presidente enaltecer o trabalho do Governo Federal, explicasse como um orçamento geral sai de R$ 5,8 bilhões para mais de R$ 8 bi. Isso para entregar obras inacabadas, o que significa dizer que esse número ainda vai aumentar.

Os pessimistas, esqueceu a presidente, somos todos nós, povo, que, com menor ou maior consciência política, sabe que essa Copa tinha tudo para, realmente, ser algo positivo para o Brasil, mas que, por falta de organização e gestão, por corrupção e politicagem, transformou-se num verdadeira superteta para amamentação dos apadrinhados e, claro, da Fifa, que determinou como, onde e quando o Governo deveria gastar dinheiro.

Eu sou, presidente, um pessimista com a forma como seu governo conduziu a organização dessa Copa. E sou porque os fatos falam por si. Gosto de futebol e não deixarei de torcer pelo time do meu país. Mas isso não me impede - porque eu não sou um burro de viseira, como parecem ser seus seguidores - de perceber que a senhora afundou a Copa das Copas num mar de lama parecido com esse que seu partido está acostumado a viver.