De onde vem a riqueza das Alagoas?

08/03/2012 09:05 - Balaio do Teles
Por Redação

Olá, pensadores!

Que há milionários em Alagoas, isso ninguém duvida! As coberturas à beira-mar e os castelos em condomínios fechados deixam claro que há muita gente rica em nosso paupérrimo Estado. Na lista desses poucos privilegiados,  encontraremos alguns empresários e profissionais autônomos bem sucedidos, ruralistas tradicionais, alguns poucos funcionários públicos de carreiras privilegiadas e, evidentemente, os políticos e seus asseclas e conluiados.

É essa a gente que frequenta os melhores restaurantes de Alagoas. São eles que compram os carros mais caros das concessionárias (quando não mandam buscar, em exclusividade, determinado modelo). São estes figurões que estampam as colunas sociais dos jornais. Seus filhos estão matriculados nas melhores escolas e nas faculdades particulares mais caras. Os bairros ou condomínios onde moram são os mais caros, urbanizados e aparelhados. Quando se fala em “nata da sociedade” é a eles que estão se referindo.

Entretanto, inopinadamente, certos rompantes de desvelamento acontecem para nos mostrar verdadeiras facetas da “nata da sociedade” que as colunas sociais não nos contam. São como inesperados raios de luz que têm a força de revelar as falcatruas que os figurões acreditavam nunca seriam descobertas.

Operações como a Gabiru, que, em 2007, desmascarou o esquema de desvio de recursos na compra de merenda escolar em setes cidades do interior de Alagoas. Ou a Taturana, que identificou um rombo de mais de 300 milhões de reais na Assembleia Legislativa de Alagoas, apontando dez deputados como envolvidos no esquema. Operações como a Tabanga, que desarticulou um esquema fraudulento de desvio de recursos federais transferidos pelo FUNDEB e pelo Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar, na cidade de Traipu, cujo comandante era o prefeito municipal.

Agora, recentemente, a operação Espectro invadiu um dos símbolos de poder e riqueza de Alagoas, o condomínio Aldebaran, e devassou casa, objetos e a própria vida de alguns integrantes dessa “nata”. Deixou às claras, para quem quisesse ver, de onde vem a riqueza e a ostentação de parte da alta sociedade alagoana. Mostrou de onde vem o dinheiro que paga o luxo que têm boa parte dos ricos da nossa província.

É verdade, a despeito de serem grandes avanços rumo à moralidade,  as operações policiais, atualmente, têm um efeito muito mais simbólico que efetivo. Dificilmente veremos os ladrões e salafrários que foram flagrados praticando os delitos de desvio de dinheiro público atrás das grades por muito tempo. No máximo, alguns dias de comentários públicos e, para quem tem, a vergonha de estar moralmente nu perante quem ganha seu dinheiro de forma honesta.

Mas as operações têm, também, uma função que chamo de desconfortante. Afinal, elas geram, certamente, um sensível incômodo aos demais bandidos de mãos limpas, integrantes da “nata da sociedade”, ainda não desmascarados. Estes, a cada operação deflagrada, têm suas noites de sono perturbadas, mesmo com seus edredons e seus travesseiros de penas de ganso, sob a iminente possibilidade de ver a polícia arrombar-lhes a porta e tacar-lhes um par de algemas nos pulsos. E eu, sinceramente, torço para que isso ocorra logo e sempre.

Não quero generalizar. Mas, os fatos mostram: a riqueza das Alagoas e de sua alta sociedade - ou pelo menos de parte dela - nasce do mau caratismo,  do salafrarismo e da roubalheira. Cada vez mais, as operacões policiais tem mostrado que a "nata da sociedade" de Alagoas nada mais é que o produto de fraudes milionárias e de esquemas de corrupção. A pergunta que paira é: quem serão os próximos descobertos? Quem deve, que tema!

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