O PL, o União Brasil, o Progressistas, o PSD e outros partidos que representam o núcleo duro do sistema não querem Flávio Bolsonaro. Em combinação com o mercado, com os maiorais do PIB e com a banca, o nome dessas legendas é Tarcísio de Freitas. Ainda que haja outros virtuais candidatos na mesma raia, como Ronaldo Caiado e Ratinho Junior. O anúncio da candidatura Flávio Bolsonaro não arrefeceu a concorrência pela via da direita.
Girando pouco mais de 48 horas após a notícia aparecer, as reações e análises bateram ostensivamente em dois pontos. É uma candidatura para valer? É uma jogada para negociar apoio da família e se manter relevante com o bolsonarismo? O senador já andou falando numa direção e depois noutra direção, contrária à primeira.
Na imprensa, uma observação recorrente – na verdade uma opinião – é a de que Flávio candidato é um presente para Lula e o PT. Nova pesquisa Datafolha mostra que, num segundo turno, Lula venceria o filho de Bolsonaro com uma diferença de 15 pontos percentuais. Mas esse tipo de viagem não faz muito sentido agora, tão longe das urnas.
Está claro que a maioria dos segmentos que votou Bolsonaro ficou agastado com a indicação monocrática de pai para filho. Essa “elite” achou no governador de São Paulo o tipo ideal. Daí porque Flávio já anda falando em “preço” para negociar a resistência de sua candidatura presidencial. Anistia, perdão para Jair, eis a troca em questão.
A aventura Flávio candidato também está dentro do previsível. Depois de esticar a corda até ontem, Bolsonaro não tinha alternativa – uma vez decidido a impor um nome da família. Eduardo foragido, tem tudo para ficar sem mandato. Michelle não tem a confiança do marido e dos enteados. O vereador Carlos seria a opção para o surrealismo.
A esta altura, entre presos e foragidos, sobrou o “mais moderado” dos três filhos mais velhos. Ao apontar Flávio como o sucessor, Jair põe em teste seu capital político. Pelas reações, viu-se claramente a falta de animação com a novidade. Por enquanto, o fogo amigo ainda parece baixo. Mas a qualquer minuto, o tiroteio tende a se intensificar.
Então é quase isto: o sistema não quer nem Lula nem Flávio Bolsonaro. O sistema não quer outro que não seja Tarcísio. Tem jeito de brincadeira. Do outro lado, Lula fecha o terceiro ano de mandato longe, mas muito longe, do apocalipse projetado por uma constelação de doutores em economia. Com Flávio ou sem, a eleição será dureza.










