Depois de 11 anos de espera por respostas, três policiais militares e uma ex-militar sentam nos bancos dos réus pelo assassinato do adolescente Davi da Silva, de 17 anos, ocorrido em agosto de 2014, no Complexo Benedito Bentes, em Maceió. O júri começa às 7h30 desta quarta-feira (8) no Fórum Jairon Maia Fernandes, no Barro Duro, com o promotor de Justiça Thiago Riff à frente da acusação, disponível para a imprensa.

O caso começou no Dia do Soldado, 25 de agosto de 2014, quando Davi desapareceu após ser abordado por uma guarnição do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha (BPRp). Pouco tempo depois, seu corpo foi encontrado, e uma testemunha essencial para o caso também morreu. Um ano depois, em agosto de 2015, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) denunciou os quatro militares por tortura, homicídio e ocultação de cadáver.

Segundo a denúncia da 59ª Promotoria de Justiça da Capital, todos os réus responderão pela mesma culpabilidade, independentemente de quem realizou as agressões ou deu cobertura. Para o MPAL, todos contribuíram para a violência contra Davi e para a tortura de um colega, resultando na morte do adolescente.

Os autos detalham que a tortura teria começado durante uma abordagem para obter informações sobre um traficante conhecido como “Neguinho das Bicicletas”, no Conjunto Cidade Sorriso, e pelo fato de Davi ter derrubado do bolso uma pequena quantidade de maconha. Segundo o colega que estava com ele, a ex-policial militar iniciou as agressões, batendo em Davi, algemando-o e colocando-o na mala da viatura, enquanto ele sofria lesões nos órgãos genitais.