A plutocracia nacional abriu nova temporada de prospecção em busca de um candidato para chamar de seu na corrida presidencial de 2026. Os donos do dinheiro, segundo interpretações pela imprensa, ficaram um pouco decepcionados com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Até ontem, ele era o nome preferido do “mercado”. Mas o ex-ministro de Bolsonaro exagerou no chumbrego com a extrema direita.

Não que os ricaços estejam lá preocupados com a contenção do extremismo. Para essa turma, pobre tem mais é que se lascar, e política pública que interessa é tiro, porrada e bomba nas periferias. Mas é preciso simular alguma sobriedade. Setores produtivos sabem o tamanho do estrago que seria um repeteco do estilo Jair Messias.

Tarcísio comemorou o tarifaço de Trump contra o Brasil. O governador meteu o boné vermelho do MAGA na cabeça para bajular o governo americano. O “moderado” subiu no palanque com Malafaia e outros delinquentes para afrontar o STF – chegou a chamar o ministro Alexandre de Moraes de “tirano” e “ditador”. O roteiro do desastre.

A estratégia era convencer o eleitorado bolsonarista de que ele seria o legítimo herdeiro do capitão da tortura. O problema é que deu tudo errado. O governador e sua patota esqueceram que as consequências vêm sempre depois. Estavam certos de que uma maravilha estava a caminho – mas tiveram de encarar um fiasco. E não tem volta.

Isso sem contar com o bombardeio do próprio núcleo duro do bolsonarismo. Enfim, Tarcísio, pelo que se desenha agora, redireciona as baterias para a reeleição em SP. No vazio, correndo pela direita mais “higiênica”, pinta outro governador, o paranaense Ratinho Junior. Ele já começou o périplo para pedir as bênçãos do eterno baronato.

Ratinho Junior tem aprovação nas alturas em seu estado. Claro que não é um nome nacional, mas isso se resolve no espaço-tempo de uma campanha. Vem com aquele papo de “chega de polarização” e “vamos pacificar o país”. No ritual de beija-mão dos potentados do PIB, ele cumpre agenda com empresários, banqueiros e especuladores.

É a trilha obrigatória da ultradireita que “enfrenta o sistema”. A mesma cartilha diante da qual Bolsonaro se ajoelhou para vencer em 2018 e chegar competitivo em 2022. Inelegível e preso, ele tem de escolher um sucessor para seu fanático eleitorado.

Até o começo deste ano, a farra corria solta na gandaia dos reaças. Levado às cordas, Lula era dado como morto. Mas uma convergência de fatores revitalizou o velho sapo barbudo, e o quadro mudou. Prova disso é que Tarcísio já se achava eleito presidente.

Mas eleição não é assim. Veremos se Ratinho é mais esperto ou se cairá na ratoeira.