Bolsonaristas pelo Brasil afora ficaram em estado de choque. Aqui em Alagoas, cidadãos de bem da ultradireita não se conformam com o discurso de Donald Trump na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira. Os aliados do criminoso que tentou um golpe de Estado esperavam uma defesa de Bolsonaro por parte do presidente americano. A expectativa decorre de uma vasta ignorância e de um delírio coletivo.

Os rapazes da “nova política” estavam certos de que Trump faria elogios ao condenado e atacaria o presidente Lula. Mas, ao fazer referência “ao líder do Brasil”, Trump mandou esta: “Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”.

O saldo dessa breve interação foi a combinação de um encontro entre os dois para a próxima semana. Os detalhes, como dia e hora, ainda serão anunciados. No Brasil, governistas e aliados dizem que isso mostra o acerto na postura de Lula até aqui.

Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos trocaram algumas palavras no intervalo entre os discursos de um e de outro. Como é tradição, Lula abriu os trabalhos na ONU e fez um pronunciamento duro, com várias críticas à conduta do americano, mas sem citá-lo nominalmente. “A soberania do Brasil não está em negociação”, afirmou.

Lula tratou da condenação de Bolsonaro, também sem citar o nome do ex-presidente: “Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas”. Como se sabe, o tarifaço ao Brasil tem motivação exclusivamente política.

Lula chamou de “falsos patriotas” os que estão nos Estados Unidos atuando para que o Brasil seja alvo de sanções econômicas e políticas. É o caso, todos sabem, de Eduardo Bolsonaro e um grupo de bolsonaristas. Essa turma, acrescentou o presidente, “age com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias”.

Pois mesmo após ouvir esse discurso do brasileiro, Trump ressaltou a “química excelente” entre os dois e anunciou a reunião para os próximos dias. A comitiva brasileira confirmou o clima amistoso do contato e reafirmou que haverá o encontro.

Alguma surpresa? Só para os delirantes do bolsonarismo. Reza a lenda que países não têm amigos, têm parceiros comerciais. Como diria um grande pensador de direita, é simples assim. Trump segue sendo quem é. E Lula também. Diplomacia & Negócios.