A notícia de que a prefeitura de Maceió pode assumir o controle do Cesmac a partir do ano que vem provocou um terremoto na vida pública alagoana. Sem exagero, a novidade sacode o meio político, o Ministério Público e o Judiciário. Pelo que entendi, sem aviso prévio nem nada, o município preparou um dispositivo administrativo para uma intervenção na Fundação Jayme de Altavila, que mantém o império na área da educação no estado. Mas o que diabos está acontecendo? Por que isso agora?

Não sei e acho que quase ninguém sabe. Agora de uma coisa todos deveriam saber: é briga de cachorro grande – com o perdão do lugar-comum. Sem entrar no mérito da pretensão do prefeito João Henrique Caldas, mais uma vez estamos diante de uma investida do poder público municipal sem a devida transparência. É marca da gestão.

Segundo noticiou o jornal Extra em primeira mão, por meio de uma lei delegada publicada em julho passado, a prefeitura dá o bote sobre o Cesmac, destituindo a fundação que existe há meio século. A prefeitura assume o comando por meio de uma entidade a ser vinculada diretamente ao gabinete do prefeito. De novo, por que isso?

A prefeitura até agora não explicou nada. Nesta segunda-feira, o prefeito JHC apareceu sorridente na posse de dois secretários, e fugiu do assunto. Assim fica difícil. Uma decisão dessa monta deve ter uma motivação muito relevante. Há alguma irregularidade na administração do Cesmac? A prefeitura precisa dar satisfação à sociedade.

Até a década de 80 do século passado, o Cesmac era uma modesta faculdade de Direito, que alugava salas do Colégio Batista, no bairro do Farol – escola que nem existe mais. Mais adiante, o centro educacional cresceu, cresceu, cresceu mais um pouco e... virou um império. Hoje são dezenas de cursos e inúmeros grandes prédios por todos os lados.

Aí vem a prefeitura e avisa: Olha, tudo isso agora é meu, acabou a Fundação Jayme de Altavila, o gabinete do prefeito passa a tocar esse negócio bilionário. É isso mesmo? Estou sendo simplório, eu sei, mas como a prefeitura não explica nada, resta especular.

Com a repercussão da notícia, a fundação mantenedora do centro universitário reagiu com uma nota, dizendo que – com minhas palavras – a prefeitura pode tirar o cavalinho da chuva. Ou seja, vai ter guerra. Na verdade, isso já ocorre nos bastidores, longe das manchetes e do público. É claro que a Fejal não vai entregar de graça sua mina de ouro.

A nota da fundação é uma peça típica dessas batalhas. Fala em “solução consensual que vem sendo construída de forma republicana”Mas avisa, logo em seguida, que pode adotar “medidas judiciais adequadas” se isso for necessário. O clima é tenso.

Inevitável notar que a jogada do prefeito pretende se materializar no começo de 2026, por acaso um ano eleitoral cheio de possibilidades para o mandatário de Jaraguá. Insisto: a prefeitura deve explicações claras sobre o caso. Tá tudo muito esquisito.