O réu Matheus Soares Omena dos Santos, de 24 anos, acusado de envenenar e matar o próprio filho, Anthony Levi, de 4 anos, em maio de 2024, foi condenado a uma pena 52 anos e 4 meses de prisão. inicialmente em regime fechado, durante o júri popular ocorrido nesta quinta-feira (18), em Maceió.  A sessão foi conduzida pelo juiz José Eduardo Nobre Carlos, titular da 8ª Vara. 

O Ministério Público de Alagoas (MPAL) defendeu a tese de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por envenenamento. O promotor Flávio Costa, responsável pela acusação, afirmou que o crime apresenta requintes de crueldade e perversidade.

A assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Alagoas informou que o réu também teve pena de dois anos e quatro meses de detenção aplicada por fraude processual. 

O júri

O júri teve início com o depoimento da mãe da criança, Ingrid Nascimento, que relatou os momentos de desespero desde que foi informada pela escola sobre o mal-estar de Anthony.  A criança foi levada à UPA em uma van escolar, mas não resistiu. Emocionada, Ingrid descreveu a diferença de postura entre os pais: enquanto ela demonstrava desespero, o pai se manteve calmo.

“Meu filho foi traído por alguém que ele amava. É uma dor que nunca vai passar, o vazio sempre vai estar aqui presente”, declarou.

Durante o julgamento, o promotor de Justiça Flávio Gomes destacou a crueldade do crime e a quebra do dever de proteção paterna.

“O pai deveria estar protegendo, guardando, zelando. O Anthony morreu com quatro anos de idade, de forma agonizante, após ingerir metade de um frasco de chumbinho. Em 30 anos de atuação, nunca vi um crime tão cruel e perverso quanto este”, afirmou o promotor.

A defesa técnica foi realizada pela Defensoria Pública do Estado, representada pelo defensor Heraldo Silveira. Ele reforçou a importância do direito à defesa mesmo em casos de confissão.

A diretora da escola também prestou depoimento. Ela explicou que foi chamada após Anthony passar mal na creche e relatou que a criança apresentava espuma na boca e não conseguia se levantar.  

Segundo a diretora, o réu chegou a acusar a escola de ter administrado alguma medicação ao filho, enquanto a professora que acompanhou o menino até a UPA ficou tão abalada que permanece afastada do trabalho.

O caso

As investigações apontam que Matheus teria colocado “chumbinho”, um agrotóxico de venda ilegal, no mingau consumido por Anthony. O veneno foi comprado no bairro do Jacintinho, na parte alta da capital. Imagens de câmeras de segurança registraram o pai descartando o frasco em uma lixeira da creche.

Matheus confessou à polícia que cometeu o crime em retaliação à ex-companheira, mãe de Anthony. O caso causou grande comoção em Alagoas.

 

*Com Assessorias MP e TJ

Foto de capa: Claudemir Mota