A manifestação paulista no último 7 de setembro em defesa de impunidade para o golpista Jair Bolsonaro teve dois pontos altos. Um foi o discurso do “bolsonarista moderado” Tarcísio de Freitas. O outro foi o bandeirão dos Estados Unidos aberto na avenida. O governador de São Paulo repetiu como papagaio as palavras de ordem dos golpistas para vilipendiar as instituições do país e mentir sobre o julgamento no STF.
A discurseira de Tarcísio atesta que ele se rendeu às ordens da turma do ex-presidente e confirma sua vocação para capacho do capitão. Mas não muda o principal: ele sabe que Jair está à beira da condenação pela trama golpista e, naturalmente, seguirá inelegível até pelo menos 2030. Logo, estamos vendo uma farsa dentro da farsa.
O governador rasteja diante da seita na tentativa de garantir a herança dos votos de Bolsonaro. Ocorre que Jair e seus filhos não admitem a hipótese de uma candidatura que não tenha o sobrenome da família. A jogada de Tarcísio tem potencial de alto risco para suas pretensões. A ambição desmedida, porém, empurra o “moderado” ao abismo.
Bandeirão dos traidores. A delinquência retórica do preferido da plutocracia dividiu as atenções com um gesto inimaginável. A imagem de uma bandeira gigante dos Estados Unidos no meio da avenida foi assunto na imprensa internacional. Porque nunca se viu um grupo implorar para uma potência estrangeira atacar seu próprio país.
Bolsonaristas querem que o Brasil volte a ser colônia. Vê-se que os patriotas estão dispostos a tudo para cumprir as vontades de um criminoso como Bolsonaro. Se ajoelhar para a bandeira de outra nação é o símbolo perfeito de um desvario coletivo.
Na imprensa americana, as reações foram do espanto à chacota com os bolsonaristas. Analistas se disseram incapazes de entender a atitude vista por eles como surreal. Se um malucão daquelas bandas ousasse algo semelhante, iria direto para a cadeia.
Não apenas nos Estados Unidos, mas em várias partes do mundo, a traição ao país pode render até pena de morte. Por razões óbvias, o traíra é visto com desprezo, tratado como defensor de conduta abjeta e imperdoável. Pense em Eduardo Bolsonaro. É isso.
Pegou mal para os depravados seguidores do “mito”. Nesta segunda-feira, o dublê de pastor Silas Malafaia detonou o gesto, chamando de idiotas os autores da ideia. Logo depois, teve a coragem de acusar “infiltrados da esquerda pela bandeira”. Aleluia!
O último domingo foi assim. Alucinados no meio da rua pedem para um país estrangeiro detonar o Brasil. E no palanque, marginais da política incentivam novos ataques ao STF, às leis e à nossa democracia. Essa gentalha, despirocada e violenta, é capaz de tudo.