O ex-deputado federal João Caldas acaba de lançar Aldo Rebelo como candidato a presidente em 2026. No contexto atual, parece coisa de quem trocou os comprimidos ou deu uns tragos num cigarrinho de baixa qualidade. Não que o também ex-deputado e quatro vezes ministro não tenha as credenciais para o cargo. Ele tem sim. O alagoano de Viçosa é reconhecidamente um dos políticos mais preparados do país.

O problema é o time. É o que se chama de ideia extemporânea. A iniciativa do pai do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, apareceu primeiro na Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, Caldas disse o seguinte sobre a candidatura do conterrâneo: “Aldo conhece o Brasil, tem história, é um cara culto, tem envergadura para ser presidente. Ele conhece o Brasil do Oiapoque ao Chuí”. Nenhum reparo quanto a essas qualidades.

João Caldas assumiu um dia desses a presidência do Democracia Cristã, um partido nanico sem representante no Congresso Nacional. Desde sua fundação em 1995, o DC foi presidido durante três décadas pelo folclórico José Maria Eymael. Aliás, a troca de Eymael por JC não poderia ser mais natural – eles têm um jeitão semelhante. 

Não é a primeira vez que o nome de Rebelo é especulado para a corrida presidencial em 2026. Em novembro do ano passado, a jornalista Vera Rosa, do Estadão, publicou que haveria um movimento de articulação nesse sentido. Segundo ela, ele teria o apoio de lideranças políticas, grandes empresários, gente do agronegócio e militares da reserva. Seria mais uma tentativa de emplacar a tal candidatura de “terceira via”.

Se a coisa já nasce fora de hora, as palavras de Rebelo sobre o assunto descartam a hipótese sumariamente. “É conversa do João Caldas. Nunca falei com ele sobre isso”, afirmou o ex-ministro à Folha. A crueza da negativa contrasta com as afirmações de JC: “Aldo é meu amigo, ele está animado”. O nome disso é ruído de comunicação.

Nos últimos anos, Aldo Rebelo deu um cavalo de pau ideológico. Após quatro décadas no PC do B, deixou o partido, perambulou por aí e hoje é do MDB. Virou queridinho da extrema direita, da milicada golpista e de tubarões do agro. O nome disso é pluralismo.  

Claro que nada pode ser descartado em política, mas a candidatura do ex-comunista a presidente está no campo da fantasia e do diversionismo. A não ser que sirva para marcar posição. Mas isso não faz sentido, a essa altura, na trajetória do velho camarada.