Jair Bolsonaro está a um voto da condenação pelo Supremo Tribunal Federal. A sentença vai levá-lo à prisão por tentativa de golpe de Estado. Na retomada do julgamento na Primeira Turma do STF, o placar contra o ex-presidente está em dois a zero. O relator Alexandre de Moraes foi seguido pelo ministro Flávio Dino (foto). Na manhã desta quarta-feira, será a vez de Luiz Fux. Ele é visto pelos bolsonaristas como uma boia de salvação.

O fato é que não importa o que venha a decidir o ministro, sua eventual divergência não tem potencial para uma reviravolta. Na verdade, por mais que ele tenha questionado a delação do tenente-coronel Mauro Cid, seria uma extravagância absolver Bolsonaro diante da fila de caminhões abarrotados de provas. Como ajudar o principal réu?

Ao que parece, a estratégia seria ratificar o que alguns veem como sobreposição de crimes, além de apontar outros atenuantes para as condutas do “mito”. É o que resta para tentar aquela redução de danos. Na prática, o voto de Fux pode condenar Bolsonaro, mas com uma sentença que o livre do regime fechado. Se vai colar, veremos.

É improvável – ou praticamente impossível – que isso venha a ocorrer. De todo modo, é no que apostam os advogados de defesa. Mas alguma vitória ele deve conseguir. E isso pode ser especulado pelo voto de Flávio Dino. Ao condenar os réus, ele antecipou que três deles tiveram participação “menos gravosa”. Ou seja, pedirá penas mais brandas.

Segundo Flávio Dino, o hoje deputado Alexandre Ramagem e os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira são culpados, mas não tiveram a mesma participação nos crimes quanto os outros cinco réus. Os mais encrencados são Bolsonaro e Braga Netto. A ver se a ministra Carmen Lúcia e o ministro Cristiano Zanin vão por aí. 

Em outra frente, a extrema direita se mexe no Congresso para pedir a “anulação do julgamento”. Para isso, falam de supostas ilegalidades praticadas por Alexandre de Moraes ao longo das investigações. É um delírio com chance zero de prosperar.

Enquanto isso, diretamente do país do Pateta, as ameaças contra o Brasil continuam. Durante o julgamento, a porta-voz e um secretário de Trump insinuaram até uma ação militar para barrar punição a Bolsonaro. Uma loucura que bolsonaristas aprovam.

Dois a zero. Não vejo como Luiz Fux teria coragem de absolver Bolsonaro. Ficaria carimbado com o selo de covardia, subserviência e traição ao Poder Judiciário do qual faz parte. É uma carga pesada demais. As provas desautorizam tamanho desatino.