Perdi a conta de quantos nomes da política alagoana já anunciaram a candidatura de João Henrique Caldas para governador em 2026. Toda semana, surge alguém para garantir que a decisão está tomada – e não tem volta. O último a decretar o prefeito de Maceió candidato ao posto foi o imprevisível vereador Kelmann Vieira (na foto, a dupla). Não sei se o fato de o vereador ser o líder de JHC na Câmara fortalece o anúncio. 

O parlamentar jura que ouviu do próprio aliado a confirmação de que é candidatíssimo à cadeira de Paulo Dantas. Antes do novo parceiro, até nomes de oposição ao prefeito já disseram a mesma coisa. Mas a convicção de Kelmann Vieira é de outro nível: “Pode jogar na BET que JHC é nosso futuro governador topado!! Cuida!”.

Tudo isso pode ser apenas jogo de cena. E, apesar do ritmo frenético do noticiário, nada nesse enredo é novidade pra valer. Pelo contrário. Estamos diante de um clássico da política. Recorrer a prepostos para anúncios desse tipo é coisa corriqueira no jogo do poder. A tática, aliás, é rudimentar: planta-se o boato para medir a repercussão.

Não faço ideia se este é o caso de JHC, mas todos os sinais justificam a suspeita. Mal comparando, vejam o caso de Tarcísio de Freitas e a corrida presidencial. Todo dia ele reafirma a candidatura à reeleição ao governo de São Paulo. E a cada 48 horas, um líder partidário vem a público “garantir” que Tarcísio é candidato a presidente da República.

Depois que sua tia Marluce Caldas finalmente vestiu a toga de ministra do Superior Tribunal de Justiça, JHC sabe o que tem de fazer. E o que ele tem de fazer? Honrar o acordo com o presidente Lula. Vai sair do PL e se filiar a partido da base aliada. Se o acordo prevê esta, aquela ou nenhuma candidatura, estou por fora. Isso é com ele e sua turma. Agora, descumprir acordo na política é um vexame. E um erro fatal.

Para quem ainda não entendeu: Lula bateu o martelo sobre a vaga no STJ após o prefeito de Maceió garantir ao petista que será seu aliado na campanha de 2026. No meio, estão as cadeiras para o governo e o Senado. Falta JHC anunciar, ele próprio, sua decisão.

Falas do governador Paulo Dantas, do senador Renan Calheiros e do ministro Renan Filho aumentam o suspense. Vale o mesmo para os movimentos do deputado Arthur Lira. A futura escolha de JHC passa, é claro, por esses atores incontornáveis. O resto é espuma.