Durante a apresentação pública do relatório sobre a subsidência em Maceió, realizada nesta sexta-feira (8), no auditório do CESMAC, no bairro do Farol, em Maceió, o defensor público Ricardo Melro divulgou uma nota em que rebate posicionamentos da Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL). 

A manifestação ocorre após o esvaziamento do Núcleo de Proteção Coletiva, responsável por atuar junto às vítimas do afundamento do solo causado pela Braskem. O evento contou com a presença dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, além de autoridades, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil.

Melro criticou a nota divulgada pela instituição, classificando-a como “desinformada” e “covarde”, por insinuar que ele teria solicitado recursos públicos em benefício de terceiros. 

Segundo o defensor, o pedido feito ao defensor-geral Fabrício Leão Solto visava custear a vinda de pesquisadores para apresentar, em audiência pública, um estudo científico de “interesse público inquestionável” sobre a subsidência na capital alagoana — e não se tratava de uma vantagem pessoal. Veja a nota da DPE na íntegra clicando aqui!

O relatório em questão foi produzido por especialistas de instituições como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), University of Leipzig, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Leibniz University Hannover. O estudo foi encomendado pelo núcleo coordenado por Melro.

De acordo com o defensor, diante da recusa da administração da Defensoria em viabilizar a participação dos pesquisadores, foi necessário buscar apoio junto ao Governo do Estado para garantir a apresentação pública. “Se não fosse essa articulação direta, a audiência jamais teria ocorrido. No lugar de apoio, o que houve foi retaliação pura e simples”, afirmou, referindo-se à exoneração de colegas e à retirada de atribuições do núcleo, poucas horas após o evento ser anunciado.

Melro também contestou a afirmação institucional de que estaria mantida uma “força-tarefa” dedicada ao caso Braskem, chamando-a de “inverdade”. Ele destacou que a única força-tarefa formal foi criada em 2018, durante sua gestão como defensor-geral, e encerrada após o primeiro acordo com a mineradora. Desde então, segundo ele, as ações coletivas foram idealizadas e conduzidas por sua equipe no núcleo, com apoio informal de outros colegas.

Para o defensor, a postura da atual administração rompe com princípios básicos de lealdade e respeito dentro da instituição. “Você pode não gostar de mim, mas por que não estar ao meu lado na hora em que a gente dá um embate em defesa do povo?”, questionou.

A apresentação do relatório, que expõe novos dados sobre a área afetada e o número de atingidos, conta com a presença de pesquisadores, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil. Movimentos sociais esperam que o estudo abra caminho para soluções mais amplas e justas para os moradores impactados pelo desastre.

 

Leia também:

“Na minha autonomia ninguém bota coleirinha”, diz Ricardo Melro, ao denunciar retaliação e perseguição na Defensoria

 

*Estagiária sob supervisão da editoria