O ex-agente penitenciário Albino Santos de Lima, acusado de ser o “Serial Killer de Maceió”, foi condenado nesta quinta-feira (31) a 24 anos e seis meses de prisão em regime inicialmente fechado, pelo assassinato da adolescente Ana Clara Santos Lima, de 13 anos. O crime ocorreu em 2024, no bairro Vergel do Lago, em Maceió, na frente de uma criança de apenas três anos.

A sentença foi proferida pelo juiz Yulli Roter após julgamento por júri popular no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no bairro Barro Duro.

Durante o julgamento, Albino negou a autoria do crime, contrariando uma declaração anterior, na qual confessou ter matado e reconhecido a vítima. "Eu não tenho nenhuma participação. O exame balístico não é eficaz. Não tem filmagem no assassinato dessa vítima que eu não conheço. Certamente estava em casa no dia que ela morreu, mas não me recordo exatamente", disse o réu ao ser interrogado.

Por decisão judicial, a presença de Albino no tribunal não pôde ser registrada por imagens. Em seu depoimento, voltou a admitir dois assassinatos anteriores, em contradição com o que havia declarado em outras audiências, nas quais chegou a afirmar ter matado mais de 20 pessoas.

A mãe de Ana Clara, Piedade Wilma Melo dos Santos, prestou um depoimento comovente. Aos prantos, quase um ano após o crime, ela descreveu a filha como sua companheira inseparável. “Minha filha era minha companheira, meu tudo. Tudo que eu tinha era ela. Agora não tenho mais. Eu quero Justiça, só isso”, desabafou.

O promotor de Justiça Antonio Vilas Boas destacou as contradições do réu. “O senhor disse, em outro júri, que matou mais de 20 pessoas. Está se contradizendo?”, questionou. Albino, por sua vez, tentou minimizar a fala anterior: “Nem lá, nem aqui [menti]”.

Ao ser questionado sobre sua ocupação, afirmou que ainda é agente penitenciário, afastado por motivos de saúde após um acidente de moto. “Eu não exercia uma profissão, eu exerço. Sou agente penitenciário do GAP, apenas afastado”, declarou ao juiz.

O julgamento chegou a ser interrompido temporariamente após o advogado de defesa, Geoberto Bernardo de Lima, deixar o plenário para acompanhar outra audiência de custódia.

Imagens de vítimas e arquivos encontrados no celular do acusado também foram debatidos. Albino negou perseguição ou intenção de guardar informações sobre Ana Clara, alegando que as imagens teriam sido recebidas por meio de grupos de WhatsApp.

No entanto, o promotor rebateu, lembrando que o próprio acusado já havia reconhecido a vítima em momentos anteriores. Ao ser chamado de mentiroso, Albino respondeu com frieza: “Agradeço seu profissionalismo. Entendo que é seu papel fazer isso”.

Durante sua fala, Vilas Boas classificou o réu como alguém com distúrbios graves. “Além de psicopata, ele é um pervertido sexual. Encontramos em sua nuvem uma pasta chamada ‘mortes especiais’ — o que há de especial em matar alguém? — e outra intitulada ‘odiadas do Instagram’. Isso é repulsivo”, afirmou.

O promotor também destacou a robustez das provas periciais. “O projétil retirado do corpo da vítima e o encontrado na cena do crime partiram da arma de Albino. Não se deixem enganar pelas palavras do acusado. Esses laudos são provas irrefutáveis”, reforçou.

Apesar de negar envolvimento na morte de Ana Clara, Albino já foi condenado por outros dois homicídios. Em abril, recebeu pena de 37 anos pela execução de Emerson Wagner da Silva. Dois meses depois, foi sentenciado a mais 24 anos pelo assassinato de Louise Gbyson Vieira de Melo.

 

Foto de capa: Arquivo MP/AL