Piedade Wilma Melo dos Santos, mãe da adolescente Ana Clara Santos Lima, de 13 anos — assassinada a tiros em agosto de 2024 por Albino Santos de Lima, conhecido como o “Serial Killer de Maceió” — prestou um depoimento comovente nesta quinta-feira (31), durante o terceiro júri popular do acusado.

O julgamento ocorre no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, no bairro Barro Duro, em Maceió, sob a presidência do juiz Yulli Roter.

Quase um ano após o crime, Piedade não conteve as lágrimas ao relembrar a filha. A vendedora ambulante descreveu Ana Clara como sua companheira inseparável, que a ajudava tanto em casa quanto no trabalho. “Minha filha era minha companheira, meu tudo. Tudo que eu tinha era ela. Agora não tenho mais. Eu quero Justiça, só isso”, disse, emocionada.

Ela relatou que costumava ligar para a filha sempre que a adolescente saía de casa, mas no dia do crime, não fez a ligação. A caminho de casa, Piedade notou uma movimentação incomum na rua onde morava — com viaturas da polícia e equipes do Samu — e ficou em alerta.


“Todo dia, quando ela saía, eu ligava pra perguntar se estava voltando. Nesse dia, chovia muito. Eu estava com um pressentimento ruim. Quando a chuva passou, peguei meu carrinho e fui pra casa. Quando cheguei, vi a polícia e o Samu na porta. Me deu um ‘gelado’. Todo mundo me olhando. E eu pensando: o que está acontecendo?”, contou.

Segundo Piedade, ela só descobriu que o autor do crime era Albino Santos por meio da imprensa. “O policial perguntou se eu era a mãe da Ana Clara. Perguntei se ela estava viva e ele disse que, infelizmente, não. Então pedi pra ver minha filha… e só consegui ver os pezinhos dela”, relembrou, comovida.

 

Crédito: Ascom MPAL 

 

Outra testemunha ouvida durante o julgamento foi Emilly, amiga da vítima, que estava com Ana Clara no dia do crime. Ela contou que a adolescente estava em um ginásio próximo de casa para assistir a um jogo, e reafirmou que Ana Clara não tinha qualquer envolvimento com drogas ou comportamento inadequado.

“Ela e minha prima são muito amigas e estavam assistindo ao jogo, tudo normal. No final, voltei pra casa com meu marido e elas ficaram. Não vimos nenhum homem mexendo com elas na arena. Só soube do crime pela imprensa. No outro dia, minha prima só disse que a Ana Clara seguiu pra casa”, relatou.

Durante a sessão, o promotor de Justiça Antônio Villas Boas destacou o padrão dos crimes cometidos por Albino. “São inúmeras vítimas. Ele mesmo já confessou e perdeu a conta. Todos os crimes seguiram o mesmo modus operandi: motivo torpe, com recursos que dificultaram a defesa das vítimas, sempre jovens. Esperamos que o conselho de sentença faça justiça”, afirmou.

Albino confessou o assassinato. A defesa tentou evitar o júri popular, alegando problemas psicológicos e inimputabilidade, mas a Justiça manteve a acusação por homicídio triplamente qualificado: feminicídio, motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Ele foi identificado após investigações que conectaram o assassinato de Ana Clara a outro crime semelhante, praticado contra uma jovem com características físicas parecidas.

 

 

 

*Estagiária sob supervisão da editoria

Foto de capa: Ascom MPAL