O Programa Municipal de IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais celebrou nesta quinta-feira (17), 30 anos de implantação e dedicação de inúmeras pessoas que o construíram coletivamente. Em alusão à data, a coordenação reforça que a criação do Programa no município de Maceió foi uma resposta direta aos anseios da população diante da epidemia de HIV e AIDS.
Baseado em dados epidemiológicos e nas transformações da ciência, ao longo dos anos, o programa se constituiu numa resposta efetiva, promovendo um diálogo contínuo entre os diferentes níveis de gestão: federal, estadual e municipal.
Ana Cláudia de Jesus Cerqueira, assistente social que atuou na implantação, relembrou como o processo foi iniciado após uma capacitação, em fevereiro de 2005, que formou duas equipes: uma destinada ao Centro de Orientação e Apoio Sorológico (COAS), que oferecia testes para HIV e sífilis de forma anônima e sigilosa, sem necessidade de encaminhamento médico; e outra para o Serviço de Assistência Especializada (SAE) em DST e HIV/AIDS.
“Ambos os serviços foram implantados em julho de 2005, no antigo PAM Avenida. Em 2006, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) firmou convênio com o Ministério da Saúde, transferindo os serviços para o PAM Salgadinho (Bloco I), que oferecia melhores condições para os atendimentos. Posteriormente, o COAS passou a se chamar Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA)”, relatou Ana Cláudia.
De acordo com a técnica da Coordenação de ISTs da SMS, Tereza de Carvalho, Maceió segue alinhada às estratégias do Ministério da Saúde, atualizando seus protocolos conforme diretrizes nacionais e estaduais, e capacitando permanentemente a equipe estratégica e toda a rede SUS para garantir o atendimento integral às pessoas que acessam o serviço.
“O serviço atende um número expressivo de pessoas, oferecendo acolhimento, acompanhamento e tratamento voltado para HIV, sífilis (adquirida ou congênita), hepatites virais, HTLV, além de co-infecções e outras ISTs. A equipe multidisciplinar é composta por profissionais de nutrição, serviço social, psicologia, farmácia, enfermagem, odontologia e diversas especialidades médicas, como infectologia, clínica geral, dermatologia, pediatria, ginecologia e obstetrícia, psiquiatria e gastroenterologia”, pontua Tereza.
Além do atendimento especializado (SAE), o município de Maceió mantém um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que realiza diariamente testes rápidos, promove ações de educação permanente para formação de profissionais da rede SUS Maceió e participa ativamente de atividades externas de testagem, aconselhamento e vinculação das pessoas diagnosticadas aos serviços especializados.
O programa também possui interface com outras políticas públicas além da seguridade social (saúde, previdência e assistência), como habitação, transporte e direitos humanos. Há uma valorização da participação ativa das pessoas usuárias, organizadas ou não em coletivos, que contribuem com sugestões e com o planejamento do processo de trabalho, conforme orienta o SUS sobre a participação social.
Além disso, diversos grupos que hoje têm papel fundamental na luta pelos direitos LGBTQIAPN+ iniciaram sua trajetória no programa, com apoio técnico e financeiro. Com o tempo, essas iniciativas se fortaleceram, ganharam estrutura e conhecimento, e se tornaram organizações protagonistas no controle social e na defesa de direitos das pessoas vivendo com HIV, Aids e Hepatites Virais.
Para a equipe que atua no programa municipal, os 30 anos da ação refletem uma caminhada construída com o empenho da gestão, das muitas pessoas trabalhadoras da saúde, de profissionais especialistas que são referência no acolhimento de pessoas em tratamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Aids, das usuárias e usuários dos serviços, dos movimentos sociais e de parcerias estratégicas com empresas, instituições, escolas, sindicatos e a sociedade civil. Um esforço coletivo que assegura a continuidade e a sustentabilidade das ações de cuidado, prevenção e enfrentamento das ISTs em Maceió.