O Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL) publicou uma nota de repúdio contra um cartaz afixado no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, que orienta pacientes e acompanhantes a denunciarem “má assistência” por meio de fotos, vídeos e mensagens enviadas via WhatsApp diretamente à direção da unidade.

De acordo com o sindicato, os problemas vão muito além do que é visível para os usuários. Na sala de ultrassonografia, por exemplo, o ar-condicionado está quebrado há quatro meses, o que compromete diretamente o funcionamento do aparelho de ultrassom — um equipamento sensível que só pode operar em ambiente climatizado. “O risco de perda definitiva da máquina é real”, alerta o Sinmed.

A situação na UTI Pediátrica do HGE também é crítica. O sindicato denuncia que, das 20 vagas disponíveis, apenas 11 estão funcionando. As demais foram bloqueadas por falta de insumos, como ventiladores mecânicos, e por problemas na rede elétrica dos leitos, agravados pelas recentes chuvas. Isso tem comprometido a segurança e o atendimento de crianças em estado grave.

Para o sindicato, a iniciativa é uma tentativa de responsabilizar os profissionais da saúde pelos problemas enfrentados no hospital, quando, na verdade, eles também são vítimas de uma estrutura precária e da falta de recursos. “Na verdade, o gestor negligencia no abastecimento de insumos, medicamentos, dimensionamento da equipe, instalações e demais condições para o atendimento adequado”, afirma a entidade em trecho da nota.

A nota destaca que a atual gestão do HGE não garante as condições mínimas necessárias para o funcionamento adequado da unidade. De acordo com o Sinmed, além da escassez de materiais e medicamentos essenciais, há falhas na infraestrutura e carência de profissionais para atender à demanda crescente de pacientes.

O sindicato reforça que a situação compromete diretamente a qualidade da assistência prestada e que responsabilizar os profissionais é “subestimar a inteligência de todos”. A nota afirma ainda que os médicos e demais servidores também sofrem as consequências da precariedade do sistema, sendo, portanto, injusto e desrespeitoso apontá-los como culpados.

 

Lista de medicamentos e insumos em falta

Como forma de comprovar as denúncias, o Sinmed divulgou uma relação de itens considerados faltosos e críticos no HGE. A lista inclui:

Medicamentos essenciais como alteplase, morfina, amiodarona, enoxaparina, propofol, dexametasona, entre outros.

Antibióticos como ceftriaxona, ceftazidima com avibactam, polimixina B e piperacilina com tazobactam.

Insumos hospitalares como agulhas hipodérmicas, cateteres, álcool em gel, escova degermante com clorexidina, equipos de bomba enteral e fios de sutura.

Muitos desses itens são classificados como “críticos”, o que significa que sua ausência pode colocar em risco a vida de pacientes em estado grave ou que necessitam de tratamentos urgentes.

O Sinmed conclui a nota com um apelo à população: que utilize o número de WhatsApp divulgado no cartaz para relatar não apenas possíveis falhas no atendimento, mas, principalmente, as verdadeiras causas da precarização do serviço — a falta de medicamentos, a ausência de estrutura e a sobrecarga dos profissionais.

“Vamos enviar mensagem para o WhatsApp indicado e mostrar o que, de fato, dificulta a qualidade da assistência?”, questiona o sindicato.

 

Confira abaixo a nota na íntegra

Esta semana nos surpreendemos com o cartaz acima no Hospital Geral do Estado (HGE).

Na verdade, o gestor negligencia no abastecimento de insumos, medicamentos, dimensionamento da equipe, instalações e demais condições para o atendimento adequado. !

Como se não bastasse, induz aos usuários a culparem os profissionais, que, na verdade, são tão vítimas quanto eles próprios (usuários) da realidade que protagonizam.

Isso é subestimar a inteligência de todos.

Vamos enviar mensagem para o WhatsApp indicado e mostrar o que, de fato, dificulta a qualidade da assistência? Veja a relação de itens faltosos e críticos no HGE.

 

A reportagem entrou em contato com a assessoria de Comunicação da Sesau, que pediu para a redação entrar em contato com a assessoria do HGE e até o momento da publicação não houve resposta.