Na manhã desta terça-feira, 10 de junho, um almirante da Marinha e um general do Exército se sentaram no banco dos réus em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Almir Garnier e Augusto Heleno fazem parte do núcleo essencial da trama golpista que pretendia manter Bolsonaro na presidência, mesmo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva. A jogada estava de acordo com as tradições criminosas dessa gentalha.

Na sequência dos depoimentos, o ministro Alexandre de Moraes ouve o ex-presidente Bolsonaro, o bandido maior dessa história infame. Mas sobre a fala do sujeito, escreverei mais tarde. Por agora, quero tratar do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e fazer uma conexão com o julgamento no STF. O que uma coisa tem a ver com outra?

Na noite desta segunda-feira 9, Caiado deu entrevista ao Roda Viva, na TV Cultura. Ele repetiu a postura delinquente do governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Para surpresa de ninguém, o goiano também virou negacionista da ditadura militar que durou 21 anos no Brasil. Vejam onde fomos parar! Homens públicos negam fatos históricos.

Zema acha que ditadura “é questão de interpretação”. Caiado afirma que houve apenas “restrições por atos constitucionais”. É nojento. Na verdade, nada é “constitucional” num regime de exceção. Sequestros, tortura e assassinatos são crimes em qualquer tempo e lugar. Essa permissividade é o que explica em parte a depravação bolsonarista.

Numa ditadura, Garnier, Heleno e Bolsonaro não estariam num depoimento – eles estariam pendurados num pau de arara, tomando choque elétrico e levando porrada de todo lado. Eles teriam os dentes e dedos arrancados. Fosse uma ditadura, a mulher do general seria estuprada diante dele. Que tal? São os métodos defendidos por golpistas.

Não. O Brasil se livrou do regime assassino e, desde 1989, vive numa democracia plena. Apesar do que pensam imundos da política – inclusive aqui de Alagoas –, porcarias como Jair Messias e Walter Braga Netto exercem o amplo direito à defesa. Podem contestar as acusações sem correr o risco de entrar numa lista de “desaparecidos” para sempre.

Mas é o que temos. Para pescar uns votinhos de uma parcela da sociedade, a politicalha expulsa a lógica e os fatos históricos em nome da farsa sobre qualquer coisa. Por isso, temos de rebater essas declarações de gente vagabunda como Zema, Caiado e tantos outros que estão por aí, inclusive com mandato nos parlamentos federal e estaduais.