A um ano e quatro meses das eleições, três governadores e uma ex-primeira-dama são os principais nomes para enfrentar o presidente Lula. É o que mostra a mais recente pesquisa Quaest, divulgada nesta quinta-feira 5 de junho. O instituto fez simulações apenas de segundo turno, incluindo também Jair Bolsonaro, o inelegível. Os números mostram um empate técnico entre Lula e todos os possíveis candidatos.
Não houve grandes novidades em relação ao levantamento anterior. Desde o ano passado, a diferença entre o petista e os concorrentes testados vem diminuindo. São eles: Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Junior (PR) e Eduardo Leite (RS). O quarto nome é Michelle Bolsonaro. Numericamente, Lula está à frente, mas com trajetória de queda.
Alguns fatores precisam ser levados em conta para uma melhor avaliação. Primeiro, Ratinho e Leite são do mesmo PSD. Portanto, a legenda terá de cravar o escolhido no caso de levar adiante a ideia de candidatura própria. Com Gilberto Kassab no comando do partido, tudo pode acontecer. Lembrando que ele é secretário na gestão Tarcísio.
Chama atenção também o fato de o escândalo do INSS não ter tido o efeito devastador que muitos profetizaram. Ainda que a maioria aponte o governo Lula como responsável pelo caso, isso não se reflete nos dados da corrida eleitoral. Porque, como disse, o desempenho do presidente ficou praticamente no mesmo patamar da pesquisa anterior.
Outro dado relevante tem a ver com o governador paulista. No campo da direita, ele está longe de ser o único competitivo para encarar Lula. Ao contrário. Sendo assim, com a escolha pulverizada no bolsonarismo, não há um herdeiro automático para os votos do “mito”. Um cenário que deve preocupar bastante o “moderado” matador de São Paulo.
Sendo Bolsonaro quem ele é, resta evidente que Tarcísio passa longe de ser o candidato natural do ex-presidente. Para ficar no quadro apresentado pela Quaest, Michelle seria a escolhida para suceder o marido nas urnas. Fosse hoje a eleição, a turma do mercado e do topo da pirâmide estaria num impasse. Tudo muito longe de uma definição.
Quanto mais o calendário avança, mais tensas ficam as relações na caravana da ultradireita. Tarcísio bajula Bolsonaro de olho nos votos da seita, mas não tem como se lançar candidato enquanto o “mito” não admite que está fora. Vale o mesmo para os demais nomes, incluindo os menos cotados Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG).
Ou seja, até o momento os candidatos bolsonaristas ficam reféns de Bolsonaro. Eis o maior suspense da política brasileira dos últimos tempos. Até quando Jair vai esticar a corda? E até quando seus aliados vão tolerar essa postura suicida? Como se trata de uma disputa entre “conservadores”, periga um desfecho na base do tiroteio.
Quanto ao panorama para Lula e a esquerda, fica para um próximo texto.