Nunca estivemos tão expostos — e tão invisíveis ao mesmo tempo. A sociedade adoeceu. Tornou-se refém do olhar do outro. Viciada na necessidade de mostrar, provar, exibir. O que antes era lembrança, agora é conteúdo. O que era vivido em silêncio, agora precisa ser anunciado. Nada mais basta se não for visto, curtido, compartilhado.

Estamos nos perdendo em uma corrida por validação. A felicidade precisa ser postada. A dor precisa viralizar. A rotina virou performance. A identidade virou avatar. E, aos poucos, a alma vai ficando para trás.

É um adoecimento silencioso. Que começa com a comparação disfarçada de admiração. Com a ansiedade de não ser suficiente. Com a pressão de parecer feliz o tempo inteiro. E termina em exaustão, em crise de identidade, em solidão mascarada por corações e emojis.

Essa sociedade do “me nota” está esgotando o afeto, banalizando a intimidade e substituindo conexões reais por números vazios. Precisamos parar. Respirar. Desaparecer por dentro para reaparecer de verdade.

Porque não é normal viver só para ser visto. Normal é viver para ser.