Já pensou se pra usar rede social fosse obrigatório apresentar um laudo de sanidade emocional? Um teste de autoestima, equilíbrio, empatia, ou ao menos uma breve avaliação sobre a capacidade de suportar críticas sem se desfazer por dentro? Talvez assim a gente tivesse menos gente doente tentando parecer feliz, menos vaidade disfarçada de sucesso, menos carência travestida de influência. Talvez sobrasse mais humanidade, mais verdade, mais silêncio.
As redes sociais adoeceram as pessoas. E quem disser o contrário ou está em negação ou está lucrando com isso. O problema não é a tecnologia. O problema é o que a gente virou dentro dela. Um exército de rostos sorridentes e corações em ruínas. Gente que acorda cedo não pra viver, mas pra alimentar o algoritmo. Que mede o valor da própria vida pela quantidade de curtidas, comentários e visualizações. Que cancela, idolatra, inveja, odeia, tudo no intervalo de um story.
E, no fundo, o que mais adoece não é nem a comparação com os outros, mas a distância entre o que se mostra e o que se é. A falsa felicidade virou padrão. A ostentação virou sinônimo de realização. A exposição virou vício. E a frustração virou epidemia silenciosa, disfarçada com filtros, sorrisos programados e frases de autoajuda em legendas vazias.
A gente já não sabe mais ser sem mostrar. Já não sabe mais viver sem registrar. Já não sabe mais sofrer em silêncio, amar sem postar, comemorar sem viralizar. Viramos personagens de nós mesmos. E o pior é que estamos convencidos de que isso é normal.
Talvez o teste psicológico não seja uma ideia tão absurda assim. Porque tem gente que precisa de um tempo fora, de uma pausa pra si, de um espelho que mostre a verdade e não apenas o reflexo editado. Tem gente que está implorando por socorro por trás de uma timeline impecável.
Redes sociais não são o problema. Mas o uso que fazemos delas sim. E se continuarmos ignorando os sinais, vamos viver numa geração que sabe parecer feliz, mas desaprendeu a ser.