A torcida do Flamengo em Alagoas já estava ansiosa para ver, de perto e ao vivo, os pernas de pau do time carioca no estádio Rei Pelé. Explicando: para atrair público, o rubro-negro fluminense acertou jogar em Maceió contra o Madureira pelo campeonato estadual do Rio. Mas os fanáticos pelo FLA terão de esperar por outra oportunidade. A Secretaria estadual de Esporte vetou o clássico que seria realizado em 15 de janeiro.
A secretaria alega que o estádio passa por reforma, com restrição ao acesso de torcedores. Com expectativa de grande público, não haveria segurança para comportar o evento. Numa aparente contradição, as partidas do campeonato estadual serão realizadas normalmente no mesmo estádio que não pode sediar o duelo entre FLA e Madureira. Não há prazo para o fim das obras em andamento.
Segundo a secretaria, a intervenção “é de suma importância para a recuperação estrutural” do velho Trapichão. Diz ainda que “em breve o estádio estará apto para a realização de grandes jogos”. Pode ser. Mas a verdade é que o maior palco do futebol alagoano precisa mesmo é de um “choque de capitalismo”, como dizia o tucano Mário Covas. Caso contrário, a cada temporada, novos remendos serão necessários.
Nesse campo, Alagoas está na contramão do que se vê no Brasil e mundo afora. A essa altura do campeonato, não faz sentido que o governo alagoano seja dono e administrador de uma praça esportiva. Um reboco aqui e outro acolá não resolvem situações “estruturais”. Esse é o padrão desde 1970, o ano mágico da inauguração do Rei Pelé. Ao longo de cinco décadas e meia, a gestão foi marcada pelo improviso.
Passou da hora de o estado buscar parceiros privados para assumir o Trapichão. Os exemplos estão por todo o país com arenas que são tocadas na forma de concessão. A máquina pública deve concentrar ações e esforços nas áreas essenciais, como saúde, segurança e educação. É o óbvio ululante, não tem muito mistério sobre isso. Não tenho dúvida de que sobram interessados em investir em tal projeto.
A situação de hoje não é novidade e não tem a ver com a gestão atual. Foi sempre assim. Governo administrando campo de futebol está na várzea do exotismo, e não tem perigo de dar certo. As boas experiências no país, reitero, estão aí. Manter o Estádio Rei Pelé cem por cento sob a guarda estatal é uma goleada contra Alagoas.