Medo de debate. A intenção do prefeito João Henrique Caldas é escapar de debates no primeiro turno da eleição em Maceió. É uma velha tática dos que aparecem na liderança em pesquisas de intenção de voto. A ideia é que, para quem está na frente, o confronto direto com adversários costuma gerar prejuízos. É o que pensam os velhos marqueteiros, essas entidades que ainda exercem tremenda influência sobre políticos em geral.
O problema dessa estratégia é o perigo de o candidato ausente ficar carimbado como “fujão” e “covarde”. Além disso, se expõe também à crítica de que tem algo a esconder dos eleitores. Numa disputa para um cargo executivo, o debate de ideias e propostas é um imperativo lógico, ético e moral. Falar sozinho, ainda mais agora nos tempos de dancinha em TikTok, é o sonho de quem entra na corrida com a soberba do “já ganhou”.
Bolsonarismo em crise. A ideia de que Bolsonaro seria um apoio decisivo para candidatos a prefeito não resiste à realidade. Basta ver o que ocorre em grandes capitais do país. No Recife, o sanfoneiro Gilson Machado, ex-ministro no desgoverno do “mito”, está na lanterninha na disputa pela prefeitura. O atual prefeito João Campos tem nada menos que 76% da preferência do eleitorado, segundo números do Datafolha.
Assim como o apadrinhado de Bolsonaro no Recife, Alexandre Ramagem também fica para trás na eleição do Rio de Janeiro. O mesmo Datafolha mostra o prefeito Eduardo Paes na liderança com 56% das intenções de voto. O homem da Abin paralela do ex-presidente se arrasta sem dá sinais de alguma recuperação. Em Belo Horizonte, Bruno Engler, a aposta de Bolsonaro, está em quarto lugar. Esse é o quadro pelo país afora.
São Paulo talvez espelhe de modo mais complexo a falsa ideia de que Bolsonaro seria um grande cabo eleitoral. O fenômeno Pablo Marçal, o coach picareta, avança no eleitorado que, em tese, seria de Ricardo Nunes, o atual prefeito e candidato do capitão da tortura. Pois mesmo com a tropa bolsonarista no ataque contra Marçal, ele é o preferido no eleitorado do ex-presidente, como também atestam as pesquisas.
Monopólio ideológico. “Não existe direita. Existe Bolsonaro”. Fala de Eduardo Bolsonaro num vídeo em que ataca Pablo Marçal. É a síntese do que pensam o ex-presidente e sua família. Eles não admitem o surgimento de qualquer liderança capaz de mobilizar patriotas como Cabo Bebeto e Leonardo Dias. Tem de lamber as botas do “imbrochável”, exatamente como fazem os dois gigantes da política alagoana.
Caça ao voto. Não parece, mas a campanha está nas ruas. Não estar em destaque na imprensa não significa que um fato inexiste. Essa avaliação é um erro brutal. De todo modo, a coisa vai esquentar a partir do próximo dia 30, quando começa o chamado horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Em Maceió, JHC e Rafael Brito, com as maiores coligações, ocupam a maior parte do tempo. É a hora da verdade. E de muita ficção.