Um vídeo agita a disputa pela prefeitura de São Paulo, com potencial de causar danos à candidatura de Ricardo Nunes, o prefeito que tenta a reeleição. A depender dos desdobramentos, pode ser uma “bala de prata” capaz de fulminar as pretensões do candidato do MDB. Na gravação de 2 minutos e 40 segundos, uma mulher afirma que Nunes recebeu dinheiro desviado de creches municipais, quando ele ainda era vereador.  

O caso foi revelado pela Folha de S. Paulo. Guilherme Boulos, principal adversário do prefeito, não perdeu tempo e já explora o episódio em suas redes sociais. O candidato do PSOL reproduz o material e, claro, questiona a honestidade do rival. A Folha lembra que Nunes tem histórico de suspeitas quando se trata de convênios entre empresas e poder público. Nos últimos dias, o gestor não consegue se livrar da pauta negativa.

Numa prova de que acusou o golpe, o prefeito foi à Justiça para tentar tirar do ar o vídeo com a denunciante. O esquema é alvo de inquérito da Polícia Federal desde 2021. As investigações acabam de entrar em nova fase, segundo informou a PF. A turma de Nunes já aponta suposta ação política na retomada do caso em plena campanha eleitoral. Ainda é cedo para saber se haverá impacto pra valer na corrida pelo voto do paulistano.

A chamada bala de prata pode surgir a partir de fatores naturais, por assim dizer, mas é comum mesmo que decorra de iniciativas que levam em conta o calendário das urnas. Foi o que fez Sergio Moro, o juiz parcial, na eleição de 2018, ao liberar a fajuta delação de Antonio Palocci, a uma semana da votação, para beneficiar Bolsonaro. 

Num caso alagoano, tivemos o vídeo do ex-deputado Luiz Dantas na eleição de 2022, no qual fazia acusações contra o próprio filho Paulo Dantas, governador e candidato à reeleição. O adversário Rodrigo Cunha explorou a “denúncia espontânea”, mas se deu mal. O tiro saiu pela culatra e teve efeito contrário, beneficiando o alvo da jogada.

A verdade é que todas as campanhas saem à caça de uma bomba inesperada contra os adversários. Os caminhos podem ser a prospecção no passado do inimigo, a partir de fatos reais, ou a fabricação de dossiês com histórias requentadas ou inventadas. Não é uma prática de qualidades republicanas, mas está visceralmente ligada às eleições.