Todo mundo se diz saturado de informações. Com as redes sociais, então, nem precisa olhar para os antigos meios de produção de notícias. Não, isso é coisa de gente que congelou no tempo. Tudo o que você precisa para tocar o dia a dia chega, a cada segundo, nas telas dessas maravilhas tecnológicas. Basta um toque para acessar as novidades que surgem no mundo inteiro. A transmissão de fatos aboliu as fronteiras.

Destruímos limites geográficos, porque afinal estamos conectados como jamais estivemos. O longe e o perto são categorias ultrapassadas do medievalismo analógico. Nosso lugar é o não-lugar. Nada de paróquias ou nações – ideias de seres humanos vistos como almas penadas. Telejornal, páginas impressas ou virtuais, com hierarquia no noticiário – esqueça essa bobagem anacrônica. O mundo mudou, precisa desenhar?

Se tudo isso é verdade; se a tribo localizada não faz sentido na era dos nômades cibernéticos; se o fluxo de dados e informações diz tudo o que precisamos, então desinformados formam a categoria das coisas que deixaram de existir. Além do mais, todos, não apenas sabem de tudo, como também se tornaram produtores de conteúdo. É para isso que existem os grupos em redes e aplicativos. Sabe da última? Claro.

Nada como a realidade, essa estranha variável da existência, para nos surpreender, mesmo na era da inteligência artificial. Foi o que ocorreu agora com a suspensão do concurso nacional cujas provas estavam marcadas para este domingo. Estavam, mas deixaram de estar depois da tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. O governo cancelou a aplicação dos testes até a situação se normalizar.

Mas, em São Paulo, algumas pessoas acordaram cedo e foram aos locais de prova (foto). A Folha encontrou candidatos diante de portões fechados da Universidade Paulista (Unip). Eles disseram estar decepcionados e, vejam, não sabiam que o concurso estava suspenso. A informação saiu na sexta-feira, numa entrevista coletiva com autoridades do governo federal. A decisão ocupou horas e quilômetros em todos os meios noticiosos.

Não houve site que não tenha informado. Manchete nos quatro cantos do país, no portal do governo, nas redes, nos aplicativos. Deu até no rádio, na TV e nos serviços de autofalante. Ainda assim, gente que não larga o celular, sabendo de tudo o que se passa até em outros planetas, estava por fora. Os candidatos não se veem relapsos, desatentos, avoados. Eles denunciam – olha a doideira – que não foram avisados!

O ser humano é um fascinante objeto de pesquisa.