No ano passado, fazendeiros da Bahia criaram um troço chamado Invasão Zero, um grupo armado para resolver na bala os casos de ocupação de terras. Na primeira ação, produziram o primeiro cadáver (foto). Na investida – fora da lei, é claro – assassinaram a indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó. O episódio revela os métodos daqueles que tratam movimentos sociais como bando de criminosos.
Também em 2023, desocupados no Congresso Nacional inventaram a CPI do MST, liderada pelo brucutu Ricardo Salles, que usa o mandato de deputado federal para pregar ódio e violência. Sem objeto definido, a Comissão Parlamentar não foi capaz sequer de aprovar um relatório final. Nem precisaria. O objetivo era tão somente fazer barulho e jogar para a plateia de fanáticos da direita. Fazendeiros e parlamentares estão juntos.
A prova das ações coordenadas foi a criação no Congresso da Frente Parlamentar Invasão Zero. No lançamento da nova bancada temática, a presença ilustre foi de Jair Bolsonaro, mais uma pista do que vai na cabeça desses celerados. A cúpula do grupo é toda formada por nomes do PL e outras legendas do mesmo nível. É a lógica dos jagunços com o verniz do Poder Legislativo. Força bruta contra o Estado de Direito.
Sem surpresa, vejo agora que o irrelevante deputado federal Fábio Costa foi escolhido para ser o coordenador estadual da nova frente parlamentar. Depois de usar o cargo de delegado para fazer carreira na política, o rapaz ganha a nobre missão de capataz de latifundiários. Sobre a prática abjeta de trabalho escravo em grandes propriedades, o valente nunca deu um pio. Para detonar trabalhadores rurais, aí é com ele.
As atividades paramilitares no sul da Bahia já resultaram em denúncia do Ministério Público Federal. As autoridades em Alagoas devem ficar atentas a essa nova ameaça à atuação legítima dos movimentos sociais. Talvez o deputado não saiba, mas o coronelismo ficou no passado, ainda que saudosistas estejam por aí, até com mandato. “Invasão Zero”, no campo e no Congresso, é milícia querendo licença para matar.
Já havia terminado este texto quando li aqui no CM que o deputado estadual Cabo Bebeto também se apresenta como coordenador estadual da mesma frente. As informações são das respectivas assessorias de imprensa. Não sei qual a função de cada um desses dois gigantes na divisão de tarefas. A diferença intelectual entre ambos deve estar no calibre do arsenal e na precisão da mira. Seja como for, é dupla perfeita.