Com Bolsonaro inelegível, é racha na direita

18/04/2024 13:10 - Blog do Celio Gomes
Por redação
Image

Inelegível ao menos até 2030, Bolsonaro delira com uma reversão de sua condenação pelo TSE. Seria o milagre que o habilitaria para voltar à disputa pelo voto em 2026. Não vai acontecer, está claro. Mas ele joga com esse delírio e mantém o discurso que alimenta a seita que o venera. Os que se beneficiaram com a popularidade do miliciano seguem na bajulação de olho no potencial de voto que ele tem.

A manifestação que ocorreu em São Paulo se explica em boa parte por esse raciocínio. O mesmo vale para o próximo ato, marcado para o Rio de Janeiro. No palanque, nomes como os governadores Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado (foto), além do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Este último espera o voto bolsonarista na tentativa de reeleição. Sabe que não terá vida fácil no duelo com Guilherme Boulos. 

Caiado e Tarcísio tentam se vender como técnicos e conservadores moderados. É piada, mas eles juram que é verdade. Não querem o carimbo de extremistas, como o líder que aplaudem por interesse. Os dois trabalham por uma candidatura a presidente em 2026. Sabem que Bolsonaro está fora. Por isso, fingem que estão revoltados com a punição ao “mito” enquanto se mexem para consolidar seus nomes no páreo.

Bolsonaro não quer nem ouvir falar em potencial candidato que não seja ele. O marginal acredita mesmo que estará nas urnas na próxima eleição presidencial. Mas em algum momento terá de decolar da Terra Plana e pousar na realidade. Portanto, será obrigado a aderir a uma candidatura como adversário do presidente Lula. 

Além de Tarcísio e Caiado, a turma testa o potencial de Michele Bolsonaro, aquela que defende uma teocracia no país. Correm por fora – no balaio da extrema direita – o governador mineiro Romeu Zema e Ratinho Junior, governador do Paraná. Até agora, é nesse grupo que o bolsonarismo sem Bolsonaro terá de escolher o candidato. 

É cedo pra falar de candidaturas presidenciais, alegam os sensatos. Não para o mundo da política e interessados em pegar a faixa. De um lado, por razões óbvias, Lula é o nome pacificado. Nas bandas da direita e seus extremos, o panorama promete brigas, rasteiras e traições. E nada garante que haverá consenso em torno de uma dessas figuras. Hoje, a turma está rachada. Um racha silencioso, por enquanto. A pancadaria está a caminho.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..