Acuse os adversários pelas delinquências que você mesmo pratica. É um clássico. A estratégia é um dos mandamentos do bolsonarismo, como se pode ver todos os dias na imprensa do país. O irrelevante deputado Fábio Costa (foto), que usou o serviço público em Alagoas como escada para o arrivismo na política, está nessa categoria. “Não podemos aceitar que a democracia seja fragilizada”, diz o delegado-parlamentar, segundo informa o blog do jornalista Luís Vilar. Que canseira!

Militante da extrema direita, este senhor apoiou um governo golpista durante quatro anos e nunca mostrou qualquer preocupação com o respeito ao jogo democrático. Pelo contrário, esteve ao lado de um presidente que pregou abertamente a subversão da ordem para se manter no poder a qualquer custo. Como diria o general Heleno, que o delegado idolatra, a turma pretendia partir com tudo para uma “virada de mesa.”

Embalado na presepada de Elon Musk, ele apresentou proposta para que a Câmara promova audiência com o empresário. A ideia diversionista tem como objetivo único dar palanque ao vagabundo que virou ídolo de reacionários do quilate de Fábio Costa. Não são as demandas da sociedade que estão em jogo aqui. Bolsonaristas apostam no caos para obter dividendos políticos e fortalecer suas posições. 

O parlamentar também se diz um homem zeloso com a liberdade nos dias atuais. A indigência do discurso não resiste aos fatos. Foi essa direita tosca que tentou impedir filmes e exposições – e agora mesmo tenta banir livros em escolas pelo Brasil. A medida nefasta foi adotada em estados chefiados por governadores aliados a Bolsonaro. O delegado e dublê de deputado (ou seria o contrário?) concorda com a excrescência.

Não há censura sobre a imprensa brasileira, ao contrário do que havia no regime que o deputado admira – aquele dos coturnos que saudosistas gostariam de lustrar novamente. Nas duas últimas eleições, o Congresso Nacional despencou ladeira abaixo num dramático processo de desqualificação. Cabeça oca e pistola na cintura, esse tipo de político degrada o parlamento com uma receita explosiva, à base de autoritarismo e ignorância.

NOTA – A Câmara decidiu manter a prisão de Chiquinho Brazão, o deputado miliciano acusado de ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco. O pacifista Fábio Costa votou na direção contrária. Por ele, o facínora já estaria em liberdade. Faz sentido.