Caso Elon Musk: oligarquia das plataformas digitais quer governar o mundo

09/04/2024 14:26 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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A onipresença da tecnologia ao longo da história é algo que se pode encaixar na categoria rodriguiana do óbvio ululante. Desde a invenção da imprensa de Gutenberg, no século 15, o mundo nunca mais seria o mesmo. Da revolução industrial em diante, as novidades nesse campo transformaram crenças, valores, hábitos e desejos. Novas tecnologias e modos de vida são indissociáveis, como atestam a engenharia em diferentes setores – transporte, habitação, alimento, comunicação e por aí vai. 

Ao longo do século 20, numa velocidade inédita até então, os impactos da tecnologia moldaram as sociedades num movimento permanente. Surge qualquer geringonça, incorporada ao cotidiano – e algum aspecto em nossa existência já não será mais do jeito que era. O que é vanguarda hoje será jurássico amanhã, numa sucessão infinitamente obsessiva. Um dia, após a virada para o século 21, você acorda e descobre que a utopia, agora, atende pelo nome de Metaverso.

Profetas e pregadores da revolução em andamento conquistam rebanhos de súditos com as promessas de um – agora sim – admirável mundo novo. No vocabulário da sedução, a novíssima língua do Metaverso se expressa nestes termos: realidade virtual, realidade aumentada, inteligência artificial, ambiente imersivo, holograma, avatar, cripto etc. 

Tudo isso combinado nos transporta dessa vidinha modorrenta ao paraíso nunca antes imaginado. Viagens, trabalho, estudos, festas, relações de amizade e experiências sexuais – nada será como tem sido até hoje. Devidamente equipado, você vai realizar seus desejos livre de qualquer restrição. Satisfação plena, prazer ilimitado. Afinal, estamos falando de utopia. 

Mas toda essa maravilha – virtual e aumentada – tem um preço. E donos. Já falei sobre eles em texto anterior. São os plutocratas das chamadas big techs, entre os quais Mark Zuckerberg, Bill Gates e Elon Musk. As cifras do negócio estão na casa dos trilhões. E o monopólio do Metaverso dá a esses sujeitos uma concentração de poder com alcance inédito e desmedido. Eles querem governar o mundo, acima dos governos e das leis de qualquer país.

Estamos diante da oligarquia da Web 3.0. É por isso que Elon Musk se arvora a governante global, decidido a dar ordens ao Brasil. É delirante, mas seu delírio tem lógica. A ironia é que o truculento high tech é reverenciado em todas as tribos, de reacionários da extrema direita a ditos progressistas de mente aberta que cerram fileiras na “luta por um mundo melhor”. A humanidade sempre homenageou a tecnologia. Hoje, devota a mais fanática vassalagem. 

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