Elon Musk, que defende impeachment de ministro do STF, é modelo ideal do fanatismo tecnológico

07/04/2024 17:53 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Em pleno domingo, a escória que habita as redes sociais caiu em campo para celebrar uma manifestação de Elon Musk (foto), o bilionário dono do X (antigo Twitter). O elemento desencadeou uma campanha contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, eleito inimigo número um daqueles que defendem o vale-tudo nas plataformas digitais. A investida conta com o engajamento da extrema direita – e abastece o bolsonarismo na dieta balanceada de falsidades e mistificações.

Segundo o empresário, Moraes pratica censura contra usuários do X ao determinar a retirada de conteúdos considerados criminosos pela Justiça brasileira. Numa briga que não é de hoje, Musk escalou alguns degraus e defende agora o impeachment do ministro. Um bravateiro desqualificado? Sem dúvida. Mas a ousadia retórica tem base complexa e expõe o novo DNA de nossos tempos virtuais.

Elon Musk está no time de Mark Zuckerberg, Bill Gates, Larry Page, Jensen Huang, Larry Ellison e mais dois ou três. Em comum, além da fortuna pornográfica, eles formam o time que controla as maiores empresas do planeta no ramo da tecnologia. São os heróis da Nova Era, reverenciados por fiéis de uma seita global que não discrimina ideologia. Da esquerda à direita, de cristãos a budistas, de castos a pansexuais – todos rezam no altar da mesma catedral.

Para além do mérito no debate sobre liberdade de expressão, o que vemos aqui é o triunfo da plutocracia. Meia dúzia detentora de grande parte do dinheiro no mundo decide o rumo de nossas vidas. Quais as credenciais de Elon Musk para se arvorar a ditar regras acerca de qualquer país? A força da grana e nada mais.   

Além do indecente poderio econômico, essa patota tem em comum uma pegada modernosa. São machinhos que defendem novos paradigmas nas relações sociais e afetivas. Sim, eles querem influenciar em tudo, incluindo nossas escolhas mais íntimas sobre amor e amizade. Com alcance tão amplo, se tornaram os gurus improváveis das mais diferentes tribos. Em nome de uma falsa diversidade, anulam as contradições, aniquilam as diferenças.  

É por isso que Elon Musk e assemelhados se veem livres para agir de modo saliente sobre tudo e todos. Ganharam de seus súditos, mundo afora, uma licença para detonar quando bem quiserem. As piores distopias imaginadas pela ficção nunca chegaram perto do que temos hoje em dia. Em artigo publicado em 2022, o Nobel de economia Paul Krugman resumiu a tragédia: em suas palavras, vivemos a era do oligarca petulante.

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