Na disputa pela prefeitura, JHC tem aliado implacável contra adversários

05/04/2024 11:45 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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O histórico das urnas não deixa dúvida sobre a disputa eleitoral. Todo aquele que decidir enfrentar o atual prefeito JHC (foto) pelo comando da capital alagoana terá um inimigo inescapável: a tradição. Em Alagoas, desde que o país adotou a reeleição para o Executivo – no fim dos anos 1990 –, praticamente nenhum detentor do mandato, seja na prefeitura ou no governo, perdeu a parada.

Nas disputas pelo governo, foi assim com Ronaldo Lessa, Téo Vilela, Renan Filho e Paulo Dantas. Aliás, diria até que os quatro foram reeleitos sem maiores dramas, mesmo com adversários bons de briga. Nenhum dos titulares viu de perto a iminência da derrota, confirmando a escrita: a máquina faz diferença.

Nas eleições para a prefeitura da capital, a tradição foi igualmente implacável com aqueles que desafiaram o então chefe do município. Depois dos primeiros quatro anos de gestão, Kátia Born, Cícero Almeida e Rui Palmeira convenceram o eleitorado a renovar seus mandatos. E olhe que Almeida nunca foi um dos grandes no jogo pesado da política, mas a força do cargo atropelou adversários em tese maiores do que ele.     

Não há mistério na investigação do fenômeno. Não se trata de acusar um eventual uso irregular da máquina pública – embora isso ocorra com perigosa frequência. Ao longo dos anos, esse tipo de denúncia, como se sabe, já provocou a cassação de reeleitos Brasil afora. Mas a recorrente acusação dos rivais não explica tudo. 

O fato é que o candidato à reeleição chega à disputa depois de quatro anos de exposição em tempo quase integral. Todo santo dia, prefeito, governador e presidente têm potencial para produzir notícia. Com assinatura de convênios, projetos, realização de concursos, inaugurações e todo tipo de iniciativa, o nome do mandatário não sai das manchetes – nem da cabeça do eleitor.  

É por esse conjunto da obra que o fim da reeleição voltou a ser debatido no Congresso Nacional. O principal argumento em favor do mandato único (de 5 anos) é o desequilíbrio do atual modelo: quem disputa o voto, com a caneta na mão, larga na frente na condição de favorito. 

Para completar, se a gestão do titular no cargo é bem avaliada, aí só mesmo um desastre na campanha para mudar o desfecho previsível. E esta, ao que parece, é exatamente a situação do prefeito atual, com o ibope nas alturas. Portanto, além de mostrar competência, os adversários precisam torcer para JHC errar muito. Quebrar uma tradição nunca foi moleza.

(A exceção à regra em Alagoas: em 1998, o então governador Manoel Gomes de Barros, no cargo após a renúncia de Divaldo Suruagy, perdeu para Ronaldo Lessa. Aquela disputa, no entanto, é um caso único. O estado vivia um terremoto político sem precedentes, e tudo parecia estar de cabeça pra baixo. Mas esta é outra história).

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